Para a esposa Letícia Batista Lourenço e familiares de Cleriston de Souza Costa, só restaram chorar e lutar por justiça pela morte do ente querido, ocorrida no dia 27 de junho de 2018, na GO 010, em acidente envolvendo o motociclista Cleriston de Souza Costa e o motorista de um fiat Uno, o vereador de Senador Canedo, em Goiás, Leonardo Assunção, crime atestado por portaria assinada pelo delegado de Polícia Emerson Morais de Oliveira.
Em depoimento contraditório, o vereador justificou que estava parado no acostamento para pegar um documento no veículo, dias depois na época das investigações, ele mudou o relato informando que parou devido ao pneu furado do carro. Argumentações desmentidas pela esposa da vítima e uma testemunha que presenciou o acidente e até mesmo confrontado pelo boletim de ocorrência e depoimento judicial.
Apesar de quase três anos do acidente, a justiça reconheceu o investigado pela prática de homicídio culposo causando o óbito de Cleriston de Souza. Nesse sentido foi determinado ao vereador Leonardo Assunção, duas reparações financeiras pelo crime cometido: a primeira foi determinada que a esposa seja indenizada por uma soma de 15 salários mínimos, divididos em 10 parcelas, e a outra reparação financeira foi destinada ao Conselho Comunitário no valor de um salário mínimo, valor pago em 10 parcelas. Valores extremantes insignificante para quem tira uma vida. A família ainda lamenta e não se conforma com uma sentença tão pequena para quem destrói desta forma com a vida de uma pessoa acabando para sempre com seus sonhos.
A defesa do vereador recorreu da sentença, para que o vereador Leonardo Assunção, responda apenas na esfera penal, deixando a questão indenizatória para ser discutido em processo civil. A defesa acusa que a esposa da vítima quer tirar proveito da situação obtendo vultosa quantia em detrimento do acusado.
O que representam esses valores e essa punição para quem tira vida? Ao invés de assumir seus erros, se responsabilizando e cumprir a determinação judicial, a defesa do vereador Leonardo Assunção recorre usando como justificativa que a esposa esteja obtendo proveito dessa vultuosa quantia. Vereador o preço de uma vida é realmente esse? E essa a forma que se reparar um erro, duvidando da dor dos enlutados e questionando uma decisão judicial? A equipe do Brasil48horas, ligou para o vereador para ouvir a sua versão, porém ele não atendeu a nenhuma de nossas ligações. À família dilacerada pela dor e por uma penalidade tão aquém da grandiosidade do delito, cabe apenas chorar e esperar que a determinação da justiça seja cumprida.
Entenda o caso e as investigações: foi numa manhã do dia 27 de junho de 2018, Cleriston trafega a GO 010 sentido Senador Canedo Goiânia, quando o veículo do vereador Leonardo Assunção entrou na via subitamente, tirando qualquer chance do motociclista desviar do carro, tirando a vida do jovem. Em seu depoimento o vereador Leonardo alegou que estava “parado na rodovia, para pegar um documento”, quando o jovem bateu na traseira do seu veículo. O argumento do vereador foi desmentido tanto pelo depoimento de Leticia que presenciou que no local não tinha acostamento quanto por uma testemunha que presenciou o fato e confirmou que o vereador é o responsável pela morte de Cleriston.
O Boletim de Ocorrência mostrou que o jovem estava inconsciente, mas ainda estava vivo, quando foi levado, pelo Corpo de Bombeiros, até o Hospital de Urgência de Goiânia – HUGO. Mas ele não resistiu aos ferimentos e morreu logo em seguida.
Vereador foge da intimação – O vereador Leonardo foi intimado diversas vezes para comparecer à delegacia, mas sempre, evadia do local para não receber a intimação do agente de Polícia. No dia 17 de outubro de 2018 o agente Flávio Augusto escreveu em uma Certidão que tentava intimar o vereador, mas que não estava conseguindo.
“Estive presente no endereço (oculto) para intimar a pessoa de Leonardo Soares de Assunção no entanto não encontramos ninguém na residência. Buscamos informações com os vizinhos, sendo confirmada a informação que Leonardo mora no local, mas de toda a forma os vizinhos se recusaram a receber a intimação para repassar a Leonardo”, anotou o agente.
Vereador mudou a versão
Depois de provocar a morte do jovem Cleriston de Souza Costa, de apenas 29 anos, o vereador Leonardo Assunção alegou que estava parado na rodovia para pegar um documento em seu veículo. Dias depois do ocorrido, quando finalmente recebeu a intimação da Polícia Civil, ele mudou sua versão. O advogado, e vereador, Leonardo Assunção alegou, dessa vez, que o pneu do carro furou e ele precisou parar o veículo no acostamento.
“No dia dos fatos o declarante estava indo para Goiânia… o pneu do carro furou… e encostou no acostamento… ficando dentro do carro procurando o contato de alguém para ligar. Enquanto estava dentro do carro veio uma moto e colidiu com a traseira do seu carro”, declarou o réu Leonardo, e foi transcrito pela escrivã.
Segundo declarou a esposa da vítima, Letícia Batista, no dia do homicídio o vereador Leonardo também havia afirmado a ela que estava parado no acostamento para pegar alguns documentos. Essa versão o vereador de Senador Canedo alterou quando, dias depois, compareceu à delegacia de Polícia. Lá ele disse que parou no acostamento por causa de um pneu furado. Mas, ainda assim, Letícia apresentou mais uma informação que desmente as versões do vereador. “No local não há acostamento”, ela declarou ao delegado de polícia Emerson Morais, quando foi inquirida.
Testemunha desmente vereador – Depois de apresentar duas versões diferentes para o homicídio, o vereador Leonardo Assunção foi confrontado por uma testemunha que presenciou a morte do jovem Cleriston. E.R.E.M, de 37 anos, contou que estava passando no local no momento do acidente e viu quando o vereador entrou na via sem respeitar a sinalização.
“Afirma que estava a aproximadamente 50 metros da motocicleta conduzida pelo Cleriston e percebeu que um veículo Fiat Uno veio de um setor chamado Iris Ville, para acessar a GO-010, no sentido Goiânia, e entrou sem respeitar a sinalização. Foi quando Cleriston não conseguiu frear e colidiu com o veículo, sendo arremessado no chão”, diz o texto do processo redigido pela escrivã.
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