Mais de 200 pessoas entre moradores de várias ocupações e movimentos populares realizaram um ato na última quinta-feira (6) na frente do Palácio do Buriti, no Distrito Federal, contra a política do governo de Ibaneis Rocha (MDB), que vem promovendo sucessivos despejos na capital em plena pandemia.
De acordo com a Secretária de Estado da Saúde, o Distrito Federal soma mais de 6 mil mortes pela covid-19 e tem apenas cerca de 14% da população vacinada.
Mesmo assim, o governo local promoveu mais de 135 ações de despejo só na última semana de abril. Os dados são da Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística, conhecida como DF Legal.
Seguindo as recomendações sanitárias, a mobilização reuniu manifestantes que protagonizaram, nos últimos meses, cenas dramáticas de remoções. Ao Brasil de Fato, eles falaram sobre a violência do Estado e a falta de políticas públicas efetivas de moradia.
Como relata Ivânia Sousa, catadora de materiais recicláveis, que participou da mobilização e sofreu com as ações de despejo: “Esses atos do GDF [Governo do Distrito Federal] maltratam muito as mulheres, porque somos nós que estamos na frente dessas ocupações. Nós sofremos preconceito da polícia, do governo e queremos manifestar os nossos direitos.”
Ela integra a Ocupação CCBB, localizada a um quilômetro do Palácio do Planalto, e que nós últimos quatro meses já sofreu seis ações de remoção, a última, inclusive, ocorreu durante o ato desta manhã.
Além de lutarem contra as remoções, os manifestantes também cobram por moradia definitiva, a convocação de concursados da assistência social e o fim da criminalização de ativistas e movimentos.
“A gente tá aqui hoje reivindicando pela nossa vida, pelo nosso direito de moradia segura. Porque é nosso direito, nós entendemos isso, por isso estamos aqui hoje”, afirma Francisco Guajajara, residente da Aldeia Tekohaw.
O deputado estadual, Fábio Felix (PSOL), relembra que há uma lei que veda os despejos, especialmente aqueles que já estavam previstos antes da pandemia.
“O absurdo é completo. É muito importante que as famílias se manifestem para que não se naturalize esse tipo de ato promovido pelo GDF, que prioriza o trator no pior momento da pandemia”, analisa o parlamentar.
A expectativa do ato era solicitar uma audiência com o governador para conversar sobre as principais demandas, mas Rocha não atendeu os manifestantes.
O Brasil de Fato entrou em contato com o governador Ibaneis Rocha (MDB) e DF Legal para obter posicionamento sobre os despejos durante a pandemia, mas não obteve resposta até o fechamento da reportagem. (fonte:brasildefato.com.br)
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