O presidente Jair Bolsonaro admitiu, em live nesta quinta-feira (29), que não tem provas para afirmar que haja risco de fraude no sistema atual de urnas eletrônicas – ou que as últimas eleições realizadas no país tenham sido fraudadas. Durante a transmissão o presidente apresentou também uma série de notícias inverídicas e vídeos que já foram desmentidos diversas vezes por órgãos oficiais. “Não tem como se comprovar que as eleições não foram ou foram fraudadas”, disse, durante a live
‘Especialista’ do governo – Ao longo de toda a transmissão, Bolsonaro esteve ao lado de um “especialista” apresentado por ele apenas como “Eduardo, analista de inteligência”. Questionada inicialmente, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) disse não ter a identificação completa do homem.
Ao fim da “live”, o governo informou tratar-se de Eduardo Gomes da Silva, coronel do Exército e ex-assessor especial do ministro Luiz Eduardo Ramos na Casa Civil. Segundo Bolsonaro, o coronel hoje trabalha justamente na Secretaria de Comunicação. O currículo divulgado pelo Planalto não informa qualquer especialização na área de programação ou segurança da informação.
“A pessoa que viria fazer a demonstração aqui demonstrou muita preocupação pela sua exposição. É um civil. E resolveu então passar as informações para o Eduardo, de modo que ele explanasse aqui. De nada diminui o serviço prestado pelo Eduardo, porque a mesma coisa seria apresentada pelo outro cidadão. Se ele se garantir seguro no futuro, pode ter certeza que ele participará de momentos outros como esse”, declarou Bolsonaro.
Notícias falsas – Ao iniciar a apresentação, Eduardo afirmou que mostraria “fatos, acontecimentos”. Na prática, mostrou material que já foi amplamente desmentido.
“Esses vídeos, todos eles estão disponíveis na internet. E por que nós fizemos questão de buscar nessa fonte? Porque é o povo. Essas pessoas não foram pagas para fazer isso, elas demonstraram interesse em ter uma democracia melhor, mais avançada, mais justa e transparente”, declarou.
O material apresentado por Eduardo incluiu, por exemplo, vídeo antigo em que um programador dizia simular o código-fonte de uma urna eletrônica para, em seguida, mostrar supostas formas de fraudar o sistema. O Fato ou Fake, serviço de checagem de fatos do grupo Globo, já mostrou que essas simulações de urna não correspondem à realidade.
A apresentação no Palácio da Alvorada recorreu a outro boato já desmentido por órgãos oficiais: o de que a “estabilidade” nas divulgações parciais da apuração dos votos em São Paulo, nas eleições municipais de 2020, seria um indício de fraude.
Como mostrou o Fato ou Fake, esta estabilidade é comum, se manteve praticamente ao longo de toda a apuração e já aconteceu em anos anteriores, inclusive em eleições maiores.
Ministro Barroso – Em vários momentos da transmissão, o presidente voltou a fazer críticas ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, que é contrário à adoção do voto impresso.
Sem provas, Bolsonaro disse que o magistrado quer “manter a suspeição das eleições” e levantou suspeitas de que Barroso teria atuado junto a parlamentares para tentar barrar o avanço da PEC do voto impresso na Câmara.
Durante evendo no Acre, Barroso em pronunciamento, o ministro do Supremo Tribunal Federal disse que o discurso de que “se eu perder, houve fraude” é de quem não aceita a democracia. O STF e o TSE vêm reiterando a confiabilidade e a lisura do sistema.
Em uma crítica ao Judiciário e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Bolsonaro afirmou não ser possível “os caras que tiraram o outro da cadeia serem as mesmas pessoas a contarem os votos” das eleições.
Além de exibir as notícias e vídeos falsos, de atacar o TSE e os governos petistas, o presidente criticou o trabalho da imprensa que, nas palavras do presidente, leva ao “envenenamento” da população. Ele também fez críticas às pesquisas eleitorais sobre a eleições de 2022, que apontam Lula com altos percentuais de intenção de voto. ( informações do G1 com edição)
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