“O Brasil está sem seus álbuns de família”, afirmou ao Painel o cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho, diretor de filmes como “Bacurau”, “Aquarius” e “O Som ao Redor”, sobre o incêndio que atingiu o galpão da Cinemateca Brasileira nesta quinta-feira (29). O espaço fica localizado na Vila Leopoldina, na zona oeste de São Paulo.
“Esses arquivos exigem cuidados diários. A Cultura brasileira deve ser estimulada e guardada pelo próprio país, isso está na Constituição”, acrescenta à coluna.
No começo de julho, durante o Festival de Cannes, Mendonça chamou atenção para a crise na instituição sob o governo Jair Bolsonaro e convocou a comunidade cinéfila a cobrar o governo federal pelo descaso.
“A Cinemateca Brasileira foi fechada de um ano para cá. [Tem] 90 mil títulos, 230 mil rolos de filmes e programas de TV. Todos os técnicos e especialistas foram demitidos. É uma demonstração de desprezo pela cultura e pelo cinema, e acho que deveria mencionar isso porque estamos em um festival, todos amamos o cinema. E [a Cinemateca] é um templo de preservação. Muitos amigos não brasileiros me perguntam o que podem fazer. Eu digo: escrevam, falem sobre isso, chamem o governo e perguntem por que estão fazendo isso”, disse.
O cineasta diz que não sente diferente “das dezenas de colegas que vêm falando a mesma coisa”. Ele lembra que “toda a comunidade vem alertando ao longo do último ano. Esses arquivos exigem cuidados diários”.
Segundo os primeiros relatos sobre o incêndio, o fogo teria consumido quatro toneladas de documentos que remontam a história das políticas públicas do cinema brasileiro, desde o Instituto Nacional do Cinema, criado nos anos 1960, até a atual Secretaria Nacional do Audiovisual, passando pelo Conselho Nacional de Cinema e por parte da história da Embrafilme. (As informações são da folha)
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