A CPI da Covid ouve nesta quarta-feira (29) o empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan. Hang é o mais conhecido aliado do presidente Jair Bolsonaro no meio empresarial. Em oitiva, o empresário confirmou ter “duas ou três” contas no exterior, todas declaradas na Receita Federal e que tem offshores declaradas em paraísos fiscais. Os senadores alegam ter em mãos documentos que o ligam ao financiamento de disparo de fake news.
Segundo o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), a comissão “tem indícios que vossa senhoria usa suas contas no exterior para financiar fake news”.
No início do depoimento, o Hang se recusou a assinar o compromisso de dizer a verdade. O advogado que o acompanha informou que Luciano Hang está na condição de investigado e portanto, não assinaria o termo que é destinado a depoentes que comparecem como testemunhas na comissão.
Tumulto – O depoimento de Luciano Hang causou tumulto na CPI. Após alguns questionamentos dos senadores, a sessão precisou ser interrompida devido um bate-boca entre oposição e a base governista. O senador Rogério Carvalho (PT-SE) pediu a retirada do advogado do empresário na sala da comissão após o defensor ter supostamente ofendido o parlamentar.
Sem ligação com o PT – De volta à comissão, o relator Renan Calheiros (MDB-AL), exibiu um vídeo gravado pela deputada Carla Zambelli (PSL-SP), aliada fiel do presidente Jair Bolsonaro, em frente à loja da Havan em Uberlândia, Minas Gerais, em 26 de novembro de 2015. Na gravação, Zambelli afirma que a loja pertencia à família da então presidente Dilma. “Essa loja é da filha da Dilma, a Paulinha. Eu fico impressionada com como os filhos de presidentes no Brasil ficam milionários e se tornam grandes empreendedores”, disse.
Hang negou que sua rede de lojas Havan tenha ligação com a ex-presidente da República Dilma Roussef (PT). O empresário disse que era “uma pessoa totalmente desconhecida” antes deste episódio que classificou como um “boato” espalhado pelo “povo”. Segundo ele, a deputada caiu em uma fake news.
Mãe de Hang – O empresário bolsonarista ressaltou que não aceitaria que a morte de sua mãe, Regina Hang, vítima de covid-19, fosse usada como ferramenta política. Regina Hang morreu internada em hospital da rede Prevent Senior. Luciano Hang inclusive confirmou ter sido a covid-19 a causa de morte de sua mãe, veja a seguir:
Meses antes, Hang gravou um vídeo em defesa do tratamento precoce, dizendo que ela ainda poderia estar viva caso tivesse sido tratada com as drogas do kit covid. Já na CPI, afirmou que sua mãe chegou a ser medicada com “todos os medicamentos autorizados pelo Conselho Federal de Medicina”. Por conta da confirmação de que Regina Hang teria recebido o ‘tratamento precoce’, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) solicitou que seja pedido ao Ministério Público de São Paulo uma investigação sobre a distribuição de tais medicações no hospital onde foi internada.
“Imaginem o quanto é duro para mim ver a morte da minha mãe ser usada politicamente de forma tão vil, baixa e desrespeitosa, por isso não aceito qualquer desrespeito à memória da minha mãe. Tenho a consciência tranquila de que, como filho, sempre fiz o melhor por ela”, disse à comissão. Além de confirmar a causa da morte de sua mãe, Luciano Hang negou que a Prevent Sênior tenha falsificado seu atestado de óbito.
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