A Comissão de Direitos Humanos do Senado deve convocar o deputado estadual por São Paulo Arthur do Val para prestar esclarecimentos sobre as falas machistas contra mulheres ucranianas em situação de vulnerabilidade. O presidente do colegiado, senador Humberto Costa (PT-PE), anunciou neste sábado (5) que irá apresentar um requerimento para ida do político paulista à Casa. Enquanto isso, a comunidade ucraniana no Brasil pediu à Assembleia Legislativa de São Paulo a cassação do mandato dele. “O deputado Arthur do Val revelou-se uma pessoa de índole perigosa para o exercício de funções públicas”, diz o documento.
Integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) Arthur do Val, também conhecido como Mamãe Falei, divulgou um áudio no qual afirma que as mulheres ucranianas são “fáceis porque são pobres”. Ele disse ainda que a fila de refugiados tinha mais mulheres bonitas do que a “melhor balada do Brasil” e chegou a se gabar de que teria facilidade com as mulheres pelo número de seguidores que acumula na rede social Instagram.
Arthur do Val havia viajado à Ucrânia, que está em guerra contra a Rússia há mais de dez dias, acompanhado do coordenador do MBL, Renan Santos. Eles chegaram a postar fotos nas redes sociais auxiliando na produção de coquetéis molotov, bombas caseiras que os ucranianos vêm usando para conter o avanço das tropas russas.
Humberto Costa classificou as declarações de Val como “misóginas, machistas e atentatórias à dignidade humana”.
“É inadmissível que alguém com mandato parlamentar agrida vítimas de guerra de forma tão brutal, aumentando o horror da tragédia já vivida por elas. Ou tomamos uma atitude drástica ou essa violência praticada por um parlamentar pode ser encarada como uma agressão do próprio Brasil. E não vamos permitir que um ato vil, covarde e desumano como o praticado por Arthur do Val seja confundido com a índole do nosso povo, que é solidário aos ucranianos e, especialmente, às mulheres vítimas dessa terrível guerra”, escreveu o senador do Twitter.
A justificativa de Arthur do Val –
Ao desembarcar no Brasil, neste sábado (5), o deputado e integrante do MBL pediu desculpas pelas falas afirmando que o que elas ocorreram “em um momento de empolgação” e que havia enviado “num grupo privado para uns amigos”.
“São dois contextos diferentes. Um é o Arthur que foi lá fazer a missão e saiu. A outra é o Arthur que já tinha saído e mandou um áudio num grupo privado para uns amigos dele de forma erra, descabida, não foi a melhor das posturas, mas é um áudio privado”, disse.
Em conversa com o Congresso em Foco na sexta-feira, antes dos áudios vazarem, o político comentou sobre a ida para a Ucrânia e disse que a viagem estava “inacreditável”. “Foi com certeza uma das jornadas mais transformadoras da minha vida. Eu nem embarquei no Brasil e já sou outra pessoa… Foi transformador”.
Arthur do Val e Renan Santos chegaram a fazer uma vaquinha para custear a viagem.
De volta ao Brasil, o deputado estadual viu a namorada encerrar o relacionamento após a eclosão do episódio e recebeu críticas pelas falas sobre as mulheres ucranianas tanto do pré-candidato à presidência pelo Podemos, Sergio Moro, quanto de políticos que vão desde o espectro mais à esquerda, como integrantes do PSOL, até da direita mais conservadora como as deputadas estadual Janaína Pascoal (PSL-SP) e federal Karla Zambelli (PSL-SP).
No final da manhã deste sábado ele divulgou uma nota na qual retira a pré-candidatura ao governo de São Paulo, para o qual iria disputar com o apoio de Moro.
O MBL também divulgou nota na qual “repudia o teor dos áudios do seu integrante”. De acordo com o movimento, “tal fato, contudo, não invalida o objetivo da viagem”. Ainda no texto, escreve: “lamentamos o mal-estar que causamos às pessoas, especialmente mulheres”. A nota termina com críticas a “lulistas e bolsonaristas que viram nessa ocasião apenas um motivo” para ataques. (fonte:https:congressoemfoco.uol.com.br)
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