sexta-feira , 22 novembro 2024
Saúde

Fisioterapeuta explica como Sequelas deixadas pela covid-19 podem evoluir para quadros graves e até fatais

21

Uma das percepções provocadas pela pandemia do coronavírus foi a importância da fisioterapia no processo de reabilitação, cura e retomada da independência cognitiva, física e psicológica do paciente acometido por complicações pós-covid.

Ao contrário do que muitos pensam, os profissionais de fisioterapia não fazem massagem, eles executam técnicas, testes e atividades cientificamente comprovadas, que promovem a reabilitação, prevenção e também a cura de várias doenças. Especialmente, em relação às sequelas deixadas pela covid-19, quando esses profissionais exercem papel fundamental no processo de retomada da qualidade de vida e reestabelecimento do controle físico, emocional e neurológico do paciente sequelado.

Para a fisioterapeuta e coordenadora de equipe multidisciplinar do Sistema Hapvida-GO, Dra. Bruna Machado, é justo se preocupar com uma possível epidemia subjacente e silenciosa da síndrome pós-covid. “Em estudos, até 80% dos recuperados sentem ao menos um sintoma até quatro meses depois do fim da infecção. Especialmente, em casos graves da doença, que exigiram internação em UTI, tendem a comprometer mais severamente o organismo ao longo do tempo. Porém, episódios leves também podem deixar marcas prolongadas”, observa a especialista.

Mal-estar, dores de cabeça e perda de olfato tendem a se resolver sozinhos. Afinal, esses sintomas são típicos da covid-19 não é mesmo? “Não! Principalmente, se você não está positivado, mas já contraiu o coronavírus uma ou mais vezes. Especialistas demonstram preocupação com as consequências invisíveis, subjacentes e silenciosas de sequelas pós-covid. Portanto, é necessário estar atento a todos os sinais”, afirma Bruna Machado.

De acordo com dados do Ministério da Saúde (MS), mais de 11 milhões de brasileiros são considerados curados da covid-19 até o momento. A alta procura por tratamento fisioterapêutico por pacientes sequelados pela covid-19, é motivo de preocupação sobre os riscos de lesões graves e irreversíveis que, na maioria das vezes, são potencializados e antecipados pelo vírus.

“A covid-19 é uma condição complexa, que pode evoluir para quadros graves e fatais”, afirma a fisioterapeuta Bruna Machado. Segundo a especialista, apesar da maioria das pessoas que contraem o vírus apresentem poucos sintomas, pelo menos 5% dos pacientes desenvolvem a forma mais severa da doença, que é capaz de afetar várias regiões do organismo (não só o sistema respiratório), deixar sequelas e exigir internação hospitalar e atenção multiprofissional, inclusive com fisioterapia. “Embora não exista comprovação científica, percebemos que a infecção e comprometimento dos órgãos, estão longe de ser apenas uma questão localizada e passageira. Há repercussões prolongadas em vários órgãos” É importante ressaltar que, mesmo após a alta do hospital, para muitos desses pacientes o tratamento não se encerra. O indivíduo deve ter um acompanhamento depois, uma vez que os sobreviventes de quadros mais graves têm um risco de 59% de morrer até seis meses após a infecção, segundo dados da Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva (Assobrafir).

E como a fisioterapia pode ajudar nesses casos? Ela atua na reabilitação por meio de técnicas, exercícios e acompanhamento individualizado do paciente. O profissional pode lançar mão de métodos como cinesioterapia, eletroterapia, fisioterapia respiratória e cardiológica, a depender dos sintomas e das sequelas, sempre buscando maximizar a qualidade de vida do paciente. “Um aspecto importante a ser observado é que não são poucos os indivíduos que, diante da covid longa, apresentam ansiedade e depressão. Daí a necessidade de trabalhar o emocional e contar com a psicoterapia”, pondera a especialista.

Outro ponto que merece destaque segundo a fisioterapeuta, é que: “Os cuidados pós-covid devem ser redobrados, especialmente, em relação aos sinais corporais esporádicos que se intensificam ao passar dos dias”. O acompanhamento com médico, fisioterapeuta e demais profissionais pode fazer toda a diferença na reabilitação. E não vamos esquecer: a recuperação não se limita à passagem pelo hospital ou ao período das consultas.

De acordo com a especialista, de maneira geral, as principais manifestações do pós-covid relatados até agora são: fadiga, falta de ar, dores de cabeça, dores musculares, queda de cabelo, perda de paladar e olfato (temporária ou duradoura), dor no peito, tontura, tromboses, palpitações, depressão, ansiedade, dificuldades de linguagem, raciocínio, memória e equilíbrio laboral.

Para ter ideia, um dos braços da iniciativa Coalizão Covid-19 Brasil acompanhou cerca de mil indivíduos internados e concluiu que até 17% tiveram que ser hospitalizados novamente tempos depois – e 7% morreram até seis meses depois da alta. Os dados são preliminares, e ainda não foram publicados em periódicos científicos.

O Dia Mundial da Fisioterapia, celebrado nesta quinta-feira, 9, assinala a união e a solidariedade da comunidade de fisioterapia e, além de oportunizar o valor e importância dos fisioterapeutas, é uma excelente oportunidade para ressaltar o valor da especialidade na manutenção e melhoria da mobilidade e independência funcional de pacientes remanescentes da covid-19. “A fisioterapia estuda o movimento humano e quando nos deparamos com situações adversas como a covid, que potencializa e antecipa complicações físicas e neurológicas, percebemos que o acompanhamento e participação continuada da evolução do paciente em conjunto com a equipe médica, nos ajuda a compreender e analisar cada vez mais as particularidades da doença, e oferecer um planejamento adaptado às adversidades agressivas e silenciosas em evolução no organismo do paciente”, pondera Dra. Bruna Machado.

Deixe um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Artigos relacionados

Saúde

Associação de Hormonologia critica decisão da Anvisa de suspender implantes hormonais manipulados

A Associação Brasileira de Hormonologia (ASBRAH) criticou a decisão da Anvisa de...

Saúde

COVID-19: secretarias estaduais de saúde registraram tendência de queda de casos no DF, GO e RJ

O mais recente Boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com dados...

Saúde

Mulheres têm 50 vezes mais chances de desenvolver infecção urinária

O Hospital Urológico se une ao Outubro Rosa para conscientizar as mulheres...

Saúde

Incidência de cálculo renal aumenta na seca

Com mais de 100 dias de estiagem, muitos goianos enfrentam dificuldades para...