Sob vaias e aplausos, o presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou ao Santuário Nacional Aparecida (a 180 km de SP) na tarde desta terça-feira (12), acompanhado do seu ex-ministro (Infraestrutura) e candidato ao Governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Diante do alvoroço que tomou conta do templo, o padre Eduardo Ribeiro, que conduzia a cerimônia, pediu silêncio para dar início à missa.
Uma parte aplaudiu e chamou o presidente de “mito”. “Silêncio na basílica. Prepare o seu coração, viemos aqui para isso”, afirmou o padre.
A visita do mandatário ao templo católico é mais uma na maratona percorrida em busca de votos dos religiosos. Entre terça (4) até esta quarta, Bolsonaro participou de dois cultos da igreja evangélica Assembleia de Deus e usou o Círio de Nazaré, uma das maiores celebrações religiosas mais populares do país, para fazer campanha.
Antes de desembarcar em Aparecida na tarde desta quarta, o presidente esteve pela manhã na inauguração de um templo da igreja evangélica Mundial do Poder de Deus, do apóstolo Valdemiro Santiago, em Belo Horizonte.
A aparição do presidente deixou o arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes, incomodado. “Não podemos julgar, mas precisamos ter uma identidade religiosa. Ou somos evangélicos ou somos católicos. Precisamos ser fiéis à nossa identidade católica, mas seja qual for a intenção vai ser bem recebido, porque é o nosso presidente”, afirmou dom Orlando à imprensa.
É a terceira vez em que Bolsonaro, na condição de presidente, visita o Santuário Nacional de Aparecida. Ele esteve antes em 2021 e 2019. No ano passado, dom Orlando fez alertas sobre o armamento da população, o discurso de ódio e a propagação de fake news.
Com a pandemia de Covid em um momento mais crítico, dom Orlando também defendeu a ciência e discursou sobre a importância da vacinação contra o coronavírus.
No dia anterior à visita de Bolsonaro e Tarcísio em Aparecida, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) publicou um nota na qual lamentou a “a intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno”.
O texto, porém, não menciona o nome de nenhum candidato, nem Bolsonaro e nem Tarcísio. “Momentos especificamente religiosos não podem ser usados por candidatos para apresentarem suas propostas de campanha e demais assuntos relacionados às eleições”, diz a nota da CNBB.
Bolsonaro e Tarcísio disputam o segundo turno, respectivamente, contra os petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Haddad.
Em sua peregrinação para se colocar com um candidato comprometido com os cristãos e as pautas conservadoras, Bolsonaro já causou desconforto entre os integrantes da diocese. O Planalto informou à Folha de S.Paulo que ele participou da atividade como chefe de Estado.
Na Assembleia de Deus, o presidente e a primeira-dama Michelle Bolsonaro subiram ao púlpito para falar aos fiéis, na capital paulista. Ele se diz católico, e ela, que é evangélica, não esteve em Aparecida nesta terça.
Tarcísio também marcou presença nos cultos da Assembleia. Na ocasião, o presidente disse que é perseguido pela imprensa, institutos de pesquisas e por uma parcela do Judiciário, além de fazer ataques ao candidato Lula. “Não adianta termos uma Ferrari em casa se o motorista gosta de tomar uma cachacinha de vez em quando. Ele vai capotar a Ferrari”, falou Bolsonaro.
Após a missa, o presidente foi convidado para rezar um rosário na Basílica Antiga da cidade, organizado pelo Centro Dom Bosco, mas que não tem ligação com o Santuário Nacional, administrado pelo arcebispo dom Orlando Bernardes.
“Não é uma iniciativa nem do santuário nem da arquidiocese, mas as pessoas são livres”, disse dom Orlando. (Com informações do Estadão)
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