Desde a revelação do rombo contábil de R$ 20 bilhões, a Americanas (AMER3) sofreu uma compreensível debandada de investidores. Por isso sempre chama a atenção quando um tubarão do mercado anuncia um movimento contrário — ou seja, que comprou papéis da varejista.
Foi exatamente o que aconteceu com o Morgan Stanley. O banco norte-americano informou que aumentou a posição na companhia e agora detém o equivalente a 5,2% do capital total.
Tudo isso em meio ao clima de “terra arrasada” na varejista, que entrou em recuperação judicial com dívidas de mais de R$ 40 bilhões.
O avanço do Morgan Stanley, diga-se de passagem, coincidiu com uma reação das ações da Americanas (AMER3) no pregão da B3. Desde as mínimas no dia 20 de janeiro, quando bateram em R$ 0,71, os papéis acumulam uma alta de 147% na bolsa.
Mesmo com a valorização recente, que levou a ação a R$ 1,75 no fechamento de ontem na B3, os papéis dificilmente voltarão ao patamar de R$ 12 de antes da descoberta do escândalo contábil.
Mas então por que o Morgan Stanley decidiu investir em Americanas logo agora? Bem, só quem pode responder a essa questão é o próprio banco. Seja como for, é possível fazer algumas deduções
Primeiro, vale destacar que a divulgação de aumento ou redução de posições relevantes em empresas abertas faz parte das normas do mercado de capitais. Junto com a participação, o detentor das ações precisa indicar o objetivo do investimento.
No comunicado à CVM, o Morgan Stanley diz apenas que não tem como objetivo alterar a composição do controle ou estrutura administrativa da companhia.
De fato, o banco norte-americano tem um histórico de fazer operações no mercado brasileiro com foco no curto prazo e com empresas em situações complicadas. Ou seja, a Americanas não é a primeira tacada do tipo da instituição.
Aliás, essa atuação já chamou a atenção dos órgãos reguladores. Em 2020, o Morgan Stanley e executivos do banco aceitaram pagar uma multa de R$ 13,2 milhões à CVM e à BSM (órgão de supervisão da B3) para encerrar um processo por suposta manipulação de mercado com ações da OGX Petróleo, do antigo império de Eike Batista.
Deixe um comentário