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Pacheco: Senado tem ‘compromisso absoluto’ com novo arcabouço fiscal

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O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse nesta quinta-feira (30) que a Casa tem “um compromisso absoluto” com a votação do novo arcabouço fiscal. Ele participou de uma reunião em que os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, apresentaram linhas gerais da proposta aos líderes partidários.

— Agora esperamos a evolução de um debate político natural do processo legislativo, em que a concepção inicial do Poder Executivo pode eventualmente sofrer algum tipo de alteração ao longo do tempo. Mas há de nossa parte, de todos os líderes do Senado, inclusive da oposição, um compromisso absoluto com uma pauta que é fundamental para o Brasil, que é a disciplina e o equilíbrio fiscal em substituição ao teto de gastos — disse Pacheco após o encontro.

Segundo Alexandre Padilha, o Poder Executivo deve enviar o novo arcabouço fiscal ao Congresso Nacional no início de abril. A matéria deve começar a tramitar na Câmara dos Deputados como um projeto de lei complementar, cuja aprovação depende de maioria absoluta: o voto favorável de 257 deputados e 41 senadores.

O encontro com os ministros no Senado contou com a presença de parlamentares aliados e contrários ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o líder da Oposição, senador Rogério Marinho (PL-RN), “o espírito é de colaborar”.

— Não somos oposição ao país. É importante que o Brasil tenha de fato uma política fiscal consistente. Nós nos reservamos a ter uma posição mais acurada a respeito do projeto quando verificarmos o documento. O primeiro passo foi dado. No processo de discussão, se o arcabouço apresentado de fato der solidez, mostrar que a trajetória da dívida no futuro vai declinar pelo menos estabilizar e mostrar que vai dar segurança a quem investe no Brasil, não tenha dúvida que terá nosso apoio — afirmou.

O senador Humberto Costa (PT-PE) disse acreditar em uma “tramitação bastante rápida” do projeto no Congresso Nacional. Para ele, a forma como a proposta “foi aceita inclusive pela oposição” aponta para uma convergência.

— Evidente que qualquer matéria pode sofrer emendas, mudanças. Mas pelo que pude sentir, em linhas gerais, houve uma excelente aceitação. É um tema que interessa à população brasileira e ao próprio mercado. O sentimento é de uma proposta bastante engenhosa, criativa e eficiente — afirmou Humberto Costa.

Para o senador Renan Calheiros (MDB-AL), a receptividade ao novo arcabouço fiscal no Senado “é total”.

— A expectativa é a melhor possível. Que essa proposta responda os anseios do Parlamento e da sociedade. Que seja uma ancora crível, sobre a qual se possa antever previsibilidade, credibilidade. Precisamos conter o endividamento e é importante que tenhamos essa nova ancora para substituir o malfadado teto de gastos — afirmou.

O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) disse que quer debater mais a proposta com a equipe econômica. Ele apresentou um requerimento de convite (REQ 7/2023 – CAE) para que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, detalhe as principais medidas econômicas da pasta em uma audiência pública da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).

— Acho ótimo que o arcabouço fiscal pretenda zerar o déficit público, mas não é a sinalização que o governo tem feito. Muito pelo contrário: anúncios de muitos ministérios e programas. Vamos ver o que vai acontecer. Queremos debater com a equipe econômica esse plano mais detalhado — disse Izalci.

Após o encontro, o ministro Alexandre Padilha disse ter encontrado “um ambiente muito positivo de diálogo” na Câmara e no Senado. Segundo ele, há “um compromisso para tratar do tema com seriedade e com celeridade”.

— Temos um ambiente muito positivo para que possa ser votado mais rápido possível. A aprovação de uma nova regra fiscal reforça um ambiente de estabilidade econômica e contribui para uma trajetória decrescente na taxa de juros e para a atração de investimentos internacionais — afirmou.

O que diz o projeto

Após o encontro no Senado, Fernando Haddad concedeu uma entrevista coletiva no Ministério da Fazenda para detalhar o novo arcabouço fiscal. Pela proposta, as despesas da União ficam limitadas a 70% da variação da receita verificada nos 12 meses anteriores.

— Necessariamente, a despesa vai correr atrás da receita. A receita vai crescer a uma taxa, e a despesa vai crescer a uma taxa menor. Portanto, você vai ampliar o espaço de economia para dar sustentabilidade às contas públicas. Mas não tem uma rigidez absoluta, porque as políticas públicas estão aí e precisam ser atendidas de maneira responsável — afirmou Haddad.

Para evitar distorções em períodos de arrecadação muito alta ou muito baixa, o texto deve trazer uma margem de segurança: o cálculo dos 70% vai levar em conta uma variação mínima da receita de 0,6% e máxima de 2,5% ao ano.

— Suponha, por hipótese, que a receita tenha crescido 5% nos 12 meses anteriores: 70% de 5% é 3,5%. Mas vão valer os 2,5%. Assim como, se houver eventualmente uma retração no ciclo baixo, fixamos em 0,6%. Essa limitação é importante porque é o colchão que você precisa para usar na fase ruim e não deixar que o estado se desorganize. Voltou para o ciclo, volta para a regra anterior — explicou o ministro.

Segundo Fernando Haddad, a intenção do Poder Executivo é zerar o déficit primário em 2024 e atingir superávits de 0,5% em 2025 e 1% em 2026. Essas metas contam com uma tolerância de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB) para mais ou para menos.

Caso esses objetivos não sejam alcançados, o novo arcabouço fiscal prevê gatilhos para limitar ainda mais os gastos. O percentual original de crescimento das despesas equivalente a 70% da variação receita cairia para 50% no primeiro ano e poderia chegar a 30% no ano seguinte.

O arcabouço fiscal deve substituir o atual teto de gastos, instituído pela Emenda Constitucional 95. Entre 2019 e 2022, o regime fiscal foi “furado” cinco vezes pelo governo federal, com o aval do Congresso Nacional. A última mudança relacionada às contas públicas foi com a promulgação da Emenda Constitucional 126, resultado da proposta de emenda à Constituição 32/2022 (conhecida como PEC da Transição. O texto permitiu ao Poder Executivo deixar de fora do teto de gastos R$ 145 bilhões do Orçamento de 2023 para bancar programas sociais e outras despesas permanentes que tinham ficado de fora das contas deste ano. (Fonte: Agência Senado)

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