Uma semana após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir a taxa Selic de 13,75% para 13,25% — após quase três anos sem queda — o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participou nesta quinta-feira (10) de sessão especial no Senado para explicar as decisões tomadas em relação à inflação e à estabilidade financeira no semestre anterior. Na sua prestação de contas semestral — seu comparecimento ao Senado é determinado pela Lei Complementar 179, de 2021, de autonomia do BC —, Campos Neto foi questionado pelos senadores sobre temas como a redução sustentável dos juros/juros reais; custo da dívida pública; política monetária e fiscal; situação econômica do país; combate inflacionário, crédito rotativo e microcrédito.
Ao abrir a sessão especial, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, aplaudiu a decisão do Copom de cortar meio ponto percentual da taxa de juros, “tendo em vista que as expectativas inflacionárias têm se mostrado controladas”, reforçou ainda que o controle institucional é sinal evidente de maturidade e defendeu a autonomia do Banco Central.
— A queda da Selic era um clamor da sociedade, porque uma taxa mais baixa impulsiona a geração de empregos e o crescimento da economia — expôs Pacheco.
Roberto Campos Neto apresentou explicações sobre regime de metas — que no Brasil é ancorada no tripé sistema de metas, regime de câmbio flutuante e responsabilidade fiscal —, expectativas de inflação no Brasil e no mundo, desempenho da atividade econômica, expectativas de inflação e taxa de juros.
Sobre a autonomia da entidade, o presidente do Banco Central disse que “a inflação média cai à medida que a autonomia cresce e a variância de inflação também cai quando a autonomia é maior” e defendeu resultados a partir de um “pouso suave” dos juros e da inflação, “com o mínimo de custo possível” no crescimento e no desemprego.
Respostas aos senadores
Indagado, o gestor do Banco Central explicou aos senadores que é importante a aprovação de medidas que façam com que se atinja a meta fiscal, lembrando, segundo Campos Neto que há “uma desancoragem da política monetária e da fiscal, e elas andam meio juntas”.
— Quando você tem uma melhora fiscal por queda de gastos, você tem um efeito mais positivo na inflação do que quando você tem uma queda fiscal por aumento de receitas, mas também é importante reconhecer que o Brasil — não é deste governo, nem do outro, é histórico — tem uma história de crescimento de gastos, em termos reais, alta.
Campos Neto também reconheceu que os juros reais estão “relativamente altos”, mas afirmou que “se a gente atingir essas metas fiscais, a gente também vai atingir, com certeza, juro mais baixo e mais estável para frente”.
Para o presidente do Banco Central, a reforma tributária é importante para o país diante das numerosas disparidades. O gestor afirmou que o Brasil produz de forma ineficiente em lugares, às vezes, que não otimizam a cadeia produtiva. Para ele, a reforma tributária deve contribuir a médio-longo prazo para uma melhoria de eficiência Brasil.
O Banco Central quer fazer uma queda de juros de forma “estrutural e sustentável”, segundo Campos Neto, segundo qual os juros não são a causa, mas a consequência. Ele respondeu aos senadores que o cheque especial, a partir de um teto e compensações, teve queda de juros de 267% para 130%.
Mas ele reconheceu que o cartão de crédito “é o grande problema”. Houve aumento do número de parcelas, aumento do número de cartões circulantes, que passaram de 200 milhões de unidades, uma inadimplência no rotativo de 52% e taxa de juros em 454%. Por isso, disse Campos Neto, dentro de 90 dias deverá ser apresentada uma solução no sentido de dar fim ao chamado crédito rotativo, mas parcelamento imediato, ao redor de 9% para quem não pagar a fatura do cartão de crédito. Fonte: Agência Senado
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