A China mantém relações próximas com o governo de Maduro, isolado internacionalmente, e é um dos principais credores da Venezuela. Depois de pousar sob chuva em Shenzhen (no sul), Maduro afirmou que está preparado para “uma visita histórica para o fortalecimento dos laços de cooperação e a construção de uma nova geopolítica mundial”, disse em vídeo publicado na rede social X (antigo Twitter).
“Choverão boas notícias para o povo venezuelano”, acrescentou.
A China deseja que a visita de seis dias, até quinta-feira (14), sirva para levar as relações entre os dois países a “uma nova era”, declarou Mao Ning, porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores. “A confiança política mútua está se tornando muito sólida e a cooperação em vários setores está em expansão contínua”, destacou a porta-voz. Maduro também visitará outros “países amigos”, anunciou o presidente do Parlamento venezuelano, Jorge Rodríguez, sem revelar mais detalhes.
“Uma relação de ferro” – A vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, visitou Xangai e Pequim esta semana e se reuniu com o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi. “China e Venezuela construíram uma relação de ferro que não pode ser rompida, e a China apoia firmemente a Venezuela na defesa de sua independência nacional e dignidade nacional”, disse Wang.
A visita visava conseguir novos investimentos da China para o setor de petróleo e discutir possíveis ações conjuntas entre empresas dos dois países, segundo a agência Bloomberg. “Extraordinária reunião de trabalho com a qual fortalecemos nossas relações bilaterais, a ampliação da cooperação estratégica e do trabalho conjunto internacional, em favor da paz e do respeito aos princípios e propósitos da Carta da ONU”, escreveu Rodríguez na rede X.
Nicolás Maduro Guerra, deputado e filho do presidente, que também viajou à China, informou que acompanhou Rodríguez em uma reunião com a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff, que comanda o Novo Banco de Desenvolvimento (o “banco dos Brics”). Esta será a oportunidade, segundo ele, de “ratificar a vontade da Venezuela de aderir” ao bloco de países emergentes, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
A visita anterior de Maduro à China aconteceu em 2018, quando elogiou a visão do presidente Xi Jinping de um “destino comum para a humanidade”. A viagem desta sexta-feira é a 11ª do venezuelano ao gigante asiático. Xi esteve no país latino-americano em 2014.
Sanções – A visita de Maduro acontece no momento em que os líderes mundiais se reúnem na Índia para um encontro de cúpula do G20, da qual o presidente chinês estará ausente. Pequim China emprestou US$ 50 bilhões para Caracas na década de 2010, um valor que o país sul-americano se comprometeu a pagar com envios de petróleo.
Em 2018, ano em que Maduro venceu eleições que não foram reconhecidas por grande parte da comunidade internacional por supostas irregularidades, a dívida superava US$ 20 bilhões. Em 2019, o governo dos Estados Unidos e parte da comunidade internacional reconheceram Juan Guaidó, líder da oposição e que se autoproclamou presidente interino. O presidente americano na época, Donald Trump, aplicou várias sanções contra Caracas.
A oposição venezuelana encerrou em janeiro a presidência interina, por considerar que não cumpriu os objetivos de mudança política. O atual governo americano, do presidente democrata Joe Biden, insiste que não reconhece Maduro como presidente e prossegue com a maioria das sanções. Washington, no entanto, aprovou no ano passado um projeto de petróleo da empresa americana Chevron e afirmou que está disposto a aliviar a pressão caso sejam alcançados acordos entre Maduro e a oposição para as eleições presidenciais previstas para 2024.
A Venezuela registrou crescimento econômico em 2022, após oito anos seguidos de recessão. A recuperação foi impulsionada pela flexibilização dos controles econômicos rigorosos, cenário que levou a uma dolarização informal diante da fragilidade da moeda local, o bolívar, e à redução da inflação, embora o índice permaneça entre os mais elevados do mundo. A economia venezuelana, no entanto, começou a registrar um processo de desaceleração no fim do ano passado. Maduro insiste que o PIB vai crescer mais de 5% em 2023, rebatendo as projeções de vários analistas. (Com informações da AFP)
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