Dados divulgados nesta quinta-feira (9), por meio do Programa de Monitoramento do Desmatamento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Prodes), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), apontam uma queda de 22,3% na taxa de desmatamento da Amazônia de agosto de 2022 a julho de 2023 e comparado com o mesmo período entre 2021 e 2022. A perda de 9.001 km² de florestas no bioma, representa uma redução frente aos 11.594 km² apurados no intervalo anterior. Com essa informação, registra-se a menor taxa de desmatamento desde 2019.
Entre os estados, a maior redução nos alertas de desmatamento foi registrada no Amazonas, que teve queda de 40% na área desmatada, passando de 2.594 km² em 2022, para 1.553 km² este ano, o menor número desde de 2020. O estado do Mato Grosso apresentou aumento de 9%, partindo de 1.927 km² no último ano para 2.088 em 2023, a segunda pior taxa dos últimos cinco anos.
De acordo com Rômulo Batista, porta-voz do Greenpeace Brasil, a queda na taxa de desmatamento é um reflexo da atuação do governo federal que contrasta com a política antiambiental do país nos últimos anos. “O governo atual teve dificuldade de retomar a governança na região”, comenta. “Contudo, a partir de abril os resultados da mudança do discurso sobre a área ambiental, a atuação firme dos órgãos de controle/fiscalização e a retomada de políticas públicas começaram a aparecer, levando a esta queda na taxa”, completa.
Apesar da redução, o Brasil ainda segue distante de cumprir a meta de NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada) assumida junto a Organização das Nações Unidas (ONU), de reduzir em 48% suas emissões até 2025, e 53% até 2030, considerando que o desmatamento é a principal fonte de emissões de gases do efeito estufa no país.
“Para atingir a meta de redução de emissões, o país terá que avançar muito mais e rapidamente para reduzir a destruição florestal”, afirma. De acordo com o porta-voz do Greenpeace Brasil, para combater a crise climática e a perda de biodiversidade em curso, o Brasil tem que ser capaz de reduzir até 2026 o desmatamento até os níveis de 2012, quando chegou 4,6 mil km², o menor número da série histórica.
De acordo com os dados divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, a redução de 2.593 km² no desmatamento da Amazônia em 2023, na comparação com o ano anterior, evitou a emissão de 133 milhões de toneladas de CO². Atualmente, o desmatamento e as queimadas correspondem a 49% das emissões nacionais.
“Para reduzir o desmatamento e, consequentemente, a emissão de GEE, o governo precisa se esforçar e ampliar as ações e programas para gerar renda que sejam compatíveis com a floresta em pé levando assim justiça social e ambiental para região”, afirma Rômulo Batista, que também reconhece que é preciso enfrentamento por parte do governo diante de políticas antiambientais: “Tem que fazer uso de articulação política para evitar que o congresso avance com as boiadas anti ambiental como é o caso de derrubar o veto do marco temporal das Terras Indígenas”, finaliza.
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