Pouco antes do anúncio fúnebre, a televisão estatal do Kuwait interrompeu sua programação para transmitir versos do Alcorão. “Com grande tristeza, lamentamos a morte do xeque Nawaf al Ahmad Al Sabah, emir do Estado do Kuwait”, afirmou um comunicado oficial.
Em novembro, o xeque Nawaf foi internado, devido a “um problema de saúde urgente”, segundo a agência oficial de notícias Kuna, sem dar detalhes sobre a doença. Posteriormente, o estado de saúde do dirigente foi relatado como estável. Entretanto, a idade avançada do xeque sempre foi uma questão de preocupação durante sua gestão.
O xeque Nawaf foi nomeado príncipe herdeiro em 2006 por seu meio-irmão, xeque Sabah al Ahmad al Sabah. Ele assumiu o cargo de emir após a morte do meio-irmão, ocorrida em setembro de 2020, aos 91 anos.
Há vários anos, o Kuwait está mergulhado em uma crise profunda entre os poderes Executivo e Legislativo, que bloqueia qualquer tentativa de reforma.
Sétima maior reserva de petróleo do mundo
O Kuwait, que detém a sétima maior reserva de petróleo do mundo, faz fronteira com a Arábia Saudita e o Iraque e fica do outro lado do Golfo, próximo ao Irã. Desde que chegou ao poder, a política externa do xeque Nawaf ajudou a equilibrar os laços com esses vizinhos.
No plano interno, o reinado do emir foi marcado por oito governos. Neste país conservador, onde os poderes soberanos estão concentrados nas mãos da família Al Sabah, o Parlamento tem, no entanto, um papel muito ativo, considerado o mais poderoso do Golfo.
De acordo com a Constituição do Kuwait, o príncipe herdeiro se torna automaticamente emir, mas só chega ao poder depois de fazer o juramento de posse perante o Parlamento. O novo emir tem até um ano para nomear um herdeiro.
De acordo com analistas e diplomatas, o xeque Nawaf e o príncipe herdeiro, o xeque Meshal, optaram nos últimos anos por reforçar o alinhamento do Kuwait com a Arábia Saudita, a potência regional.
O novo emir, que terá de administrar as relações frequentemente tensas entre o governo e o Parlamento, será observado de perto, pois a geração mais jovem da família governante do Kuwait trava uma batalha pelo poder.
Essas lutas de facções dentro da família al Sabah têm sido frequentemente disputadas no Parlamento, com os candidatos à sucessão buscando reforçar seu capital político e a base de apoio nacional. Apesar de a Constituição proibir partidos no Parlamento, o Kuwait continua sendo um dos Estados politicamente mais liberais da região, com uma Assembleia de representantes eleitos sunitas, xiitas, liberais e islamitas.
Com informações da AFP
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