quinta-feira , 21 novembro 2024
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Maquete em tamanho real de porta-aviões americano é descoberta na China e gera especulações

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O deserto de Taklamakan, na província chinesa de Xinjiang, não é tão deserto quanto se imagina. Quando ampliadas, as fotos de satélite da região mostram construções estranhas, estradas que parecem não levar a lugar nenhum e até uma linha férrea. É preciso passar algum tempo observando esta imensa extensão de areia para ver as silhuetas dos navios aparecerem próximas a uma duna. No início parecem apenas pilhas de pedras, depois lajes retangulares de concreto e, finalmente, uma representação bastante fiel dos principais navios de guerra americanos.
No dia 1º de janeiro de 2024, não havia mais dúvidas: os chineses reproduziram, no meio do deserto, em tamanho real a ponte do porta-aviões Gerald Ford, suas quatro catapultas, suas superestruturas e sua torre de comando característica, colocado mais na parte traseira do que em outros porta-aviões americanos.
O canteiro mede 330 metros de comprimento, exatamente o do porta-aviões. Porém, esta não seira a primeira tentativa dos engenheiros chineses. Nas fotos fornecidas pelo Planet Labs, outras silhuetas brancas, de tamanho menor, orientadas exatamente da mesma forma, são visíveis. Estas instalações de testes não são muito discretas, pois podem ser vistas do espaço. Este é o objetivo, sugere um especialista francês.
Desenvolvimento de mísseis balísticos antinavio
“Com estas instalações, eles têm o que precisam para testar e calibrar a cadeia de aquisição – inteligência, vigilância e reconhecimento – e a orientação dos seus mísseis balísticos antinavio”, estima um engenheiro francês do setor da Defesa.
“Os chineses trabalham há anos num projeto deste tipo, tecnicamente, fazem o que dizem, até publicam, mas a barreira da língua trabalha contra nós”, acrescenta.
A ideia dos estrategistas chineses é manter a frota americana afastada, evitando que ela se aproxime da costa da China. A arma destinada para isso seria o míssil de alcance intermediário DF-21D, capaz de percorrer 1.500 km e atacar do espaço. Originalmente, o DF-21 é um míssil nuclear. Para destruir um porta-aviões, ele deve se tornar mais preciso. Para resumir, é necessário desenvolver um plano, também chamado de homing, capaz de “reconhecer” a forma do alvo e mover-se em sua direção.
As maquetes no deserto seriam, portanto, utilizadas para aguçar o “olho do míssil” ou testar os sistemas de inteligência responsáveis ​​por ajudar a identificar o alvo.
Pista falsa?
De modo geral, as marinhas ocidentais acreditam que os chineses terão grande dificuldade em desenvolver este míssil “destruidor de porta-aviões”. Nenhum míssil balístico com carga convencional jamais foi usado contra um navio em movimento em mar aberto, mesmo contra um navio de grande porte. No entanto, existem vários caminhos técnicos.
Visto do céu, o mar é um “pano de fundo” muito bom, indicam os especialistas. Isto significa que, assim como no deserto, os contornos dos navios visados ​​destacam-se claramente, desde que não haja nuvens. No entanto, quando “aumentamos o zoom” nas fotos do misterioso local de testes localizado perto de Ruoqiang, vemos alinhamentos de pequenas esferas na parte traseira das superestruturas. Na opinião dos especialistas, trata-se provavelmente de refletores de radar destinados a simular o eco enviado de volta pelo porta-aviões.
Os engenheiros chineses procurariam, portanto, criar um sistema de orientação utilizando tecnologia de radar (utilizável mesmo se o alvo estiver escondido por nuvens). “Eles poderiam combinar diversas tecnologias ou testar diferentes soluções como laser ou até radar.” O problema é que a “cabeça” de um míssil que mergulha do espaço sofrerá impactos muito significativos em termos de temperaturas: “O míssil em descida é hipersônico, e está rodeado de plasma, podemos tentar proteger um buscador contra o calor, mas as leis da física fazem com que um sistema de radar funcione muito mal nessas condições […] Para o laser, os mísseis são tão rápidos que não sei se podem funcionar”, explica o engenheiro consultado pela RFI.
Resta ainda uma última hipótese: a China talvez esteja simplesmente tentando pressionar os Estados Unidos, porque, em última análise, ao utilizar um sistema de testes tão discreto, o importante não é realmente desenvolver uma nova arma, mas simplesmente convencer que Pequim um dia terá uma.

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