O endividamento das famílias paulistanas continua caindo. Dados da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) apontam que o porcentual de lares com dívidas ativas passou de 69%, no mês de janeiro, para 68,1%, em fevereiro — o que, em números absolutos, representa 36,6 mil famílias [gráfico 1].
Por outro lado, o comprometimento dos rendimentos com dívidas segue bastante preocupante: hoje, um terço (31,9%) de tudo o que as famílias recebem é destinado a dívidas que, em média, se prolongam por oito meses. Os fatores que compõem esse endividamento também subiram: o cartão de crédito, que atingia 82,8% das casas paulistanas em janeiro, foi para 85,8%, em fevereiro; enquanto o crédito pessoal passou de 10,6% para 15,6%; e o financiamento imobiliário, de 11,7% para 14,9%.
Na percepção da FecomercioSP, dados como esses refletem o cenário de cortes nas taxas de juros e a manutenção do emprego e da renda, que fazem com que as pessoas resolvam dívidas, mas também contraiam outras.
Não é à toa que a inadimplência ficou estável em fevereiro (21,8%). Há um ano, o número de famílias com contas em atraso era maior: 23,9%. Ainda assim, 381 mil famílias (9,4%) afirmam não ter condições de quitar dívidas atrasadas. Nessa conjuntura, os lares de renda mais baixa (até dez salários mínimos) são os que mais sentem: um em cada dez deles (12,7%) admitem dificuldades em liquidar as despesas. Na faixa de renda acima dos dez salários, esse volume é de 2,9%. A expectativa da Federação é que o ciclo de cortes nas taxas de juros contribua para um recuo ainda mais expressivo do número de famílias com contas em atraso nos próximos meses.
CONSUMO EM ALTA
Os impactos disso também podem ser vistos no consumo. Em fevereiro, o índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), também elaborado pela FecomercioSP, subiu 0,5%, na avaliação mensal, e expressivos 14,1%, no contraponto anual, atingindo os 114,3 pontos — maior patamar desde abril de 2014. Destacam-se na pesquisa a intenção de consumir itens duráveis: atingiram 88,3 pontos no mês, a maior marca desde fevereiro de 2020. Além disso, o acesso ao crédito também subiu, chegando a 105,6 pontos. Os resultados podem ser explicados pelas tradicionais liquidações de início de ano, época em que os consumidores encontram oportunidades nos preços de produtos como geladeira, fogão, televisor, entre outros.
A expectativa ainda foi observada no Índice de Confiança do Consumidor (ICC), também da FecomercioSP, que revelou melhora na confiança dos consumidores paulistanos no último mês, passando de 133,2 para 138,2 pontos, entre janeiro e fevereiro (alta de 3,7%). No contraponto anual, o índice também apresentou aumento de 7,3%, quando atingia 128,8 pontos.
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