Na última semana, tem circulado nas redes sociais, um vídeo de uma médica que relata ter atendido uma mulher com infecção vaginal, seguida por coceira e forte odor. Ao realizar exames, foi encontrado no interior do órgão sexual da paciente, uma bactéria associada à cadáveres.
Após explanação da paciente, descobriu-se que o marido da mesma trabalha em um necrotério e praticava atos sexuais com os corpos sem vida e, em seguida, mantinha relações com a esposa. Esse tipo de comportamento disfuncional é caracterizado como necrofilia. É considerada uma condição psicológica na qual o indivíduo sente atração sexual por cadáveres.
A necrofilia faz parte de um conjunto de atitudes que fogem aos padrões normais das práticas sexuais, nas quais o prazer se concentra em penetrar e estimular as zonas erógenas habituais (pênis, ânus e vagina) para sentir e proporcionar o prazer. São as chamadas parafilias: atividades sexuais que fogem do senso comum, como por exemplo: o exibicionismo (necessidade de se expor durante o ato sexual), o voyeurismo (desejo de espiar ou ver uma prática sexual), a gerontofilia (sexo com idosos), a lactofilia (prazer no sexo com mulheres em fase de amamentação), peluchofilia (sexo ou masturbação com bichos de pelúcia), narratofilia (prazer em ouvir palavras obscenas de forma constante durante o sexo), dendrofilia (prazer em introduzir frutas e vegetais durante o ato sexual), entre outros.
Os transtornos parafílicos são desejos pelo sexual anormal em forma de compulsão e que geram uma necessidade extrema a ponto de causar sofrimento.
Eles se configuram como doença quando há excessos e compulsões que extrapolam os limites e a individualidade de cada um. Ou seja, algumas parafilias podem levar o indivíduo a desenvolver compulsões que são classificadas como transtornos, quando por exemplo, a necessidade de diversificar o hábito sexual, para fugir do senso comum, leva os indivíduos a praticarem sexo com animais, cadáveres ou mesmo seres desprovidos de consciência mental ou sexual.
Além disso, requer uma atenção especial para os atos sexuais que provocam o despertar para agressões, violências e a intensificação de impulsividades compulsivas relacionadas à sofrimentos emocionais severos.
O respeito aos limites do outro é fundamental para que, durante e depois do ato sexual, impere apenas o prazer e não a dor, o desconforto, o desrespeito e, principalmente, a violência, seja ela psicológica ou corporal.
Além disso, se não houve previamente um consenso de até onde se pode ir em relação a essa prática, ao longo da concretização do sexo deve-se verbalizar e dizer “não” quando seus limites estiverem sendo invadidos e extrapolados. Permitir, se calar e não colocar os devidos limites no momento exato, poderá gerar transtornos e conflitos emocionais futuros e, muitos deles irreversíveis.
Enfim, esse caso que saiu na mídia, choca pelos riscos à saúde e também por todo o contexto. Claro que, o comportamento sexual humano, nos mostra que o sexo não pode ser visto apenas como um ato sexual em si, mas sim como toda a sexualidade contida nos padrões de comportamentos de um indivíduo. Pois, o sexo acaba sendo uma válvula de escape das tensões, trazendo inúmeros benefícios hormonais, mentais, fisiológicos e sociais para o ser humano, além de ajudar a não surtar com as pressões diárias, aumentando a autoestima e estimulando o autoconhecimento do corpo e das emoções.
No entanto, cada um deve cuidar de seus excessos, sempre com muita cautela, responsabilidade, respeito aos desejos e limites do outro, para não desenvolver transtornos sexuais indesejados que podem fechar as portas para uma vivência do prazer íntimo e pessoal saudável e necessário a todo e qualquer ser humano.
Por: Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista
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