Pesquisadora da área de Urbanismo fala sobre como projetar cidades que respeitem as águas
“Nós achamos que podíamos dominar a Natureza, e este foi um dos grandes equívocos do racionalismo, do pensamento reducionista. A falta de um olhar ecossistêmico está na base dos problemas que enfrentamos”, alerta Giovanna Damis Vital, na reportagem de abertura da série em áudio “As Cidades e as Águas”. Professora e pesquisadora na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Design da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), ela é a primeira convidada da produção que pretende, ao longo dos próximos meses, falar sobre como projetar cidades que respeitem as águas.
Um levantamento do Governo Federal, divulgado em outubro do ano passado, registra que um terço dos municípios brasileiros, nos quais reside mais de 70% da população, tem riscos de inundação, deslizamentos e enxurradas. Na reportagem que abre a série “As Cidades e as Águas”, Giovanna Vital comenta que, apesar de cada cidade ter as suas especificidades, há um padrão no Brasil que explica parte desses riscos, de parcelamento para uso e ocupação do solo em associação à financeirização e à especulação imobiliária.
No episódio inaugural, a questão é apresentada de forma abrangente, a partir da ideia de necessidade do pensamento ecossistêmico para que se projetem cidades que respeitem as águas. Nas próximas reportagens, serão aprofundados temas como a legislação ambiental que busca, justamente, prevenir impactos da urbanização desregulada; tecnologias adotadas em diferentes cidades do mundo para enfrentar a impermeabilização do solo, como as cada vez mais faladas “cidades esponja”; e, também, as especificidades dos desafios enfrentados em cada um dos seis biomas brasileiros (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa).
A produção acontece no âmbito do podcast “Comunicação Universitária em Rede – Emergência Climática RS”, organização que reúne todas as universidades federais do Rio Grande do Sul, sob a coordenação de uma equipe de produção sediada na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Participam, assim, as universidades federais do Rio Grande do Sul (UFRGS), do Rio Grande (FURG), de Pelotas (UFPel), da Fronteira Sul (UFFS), de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), de Santa Maria (UFSM) e do Pampa (Unipampa), além da Rede Saúde Única, também sediada no Rio Grande do Sul, sob liderança da Fiocruz. Integram o consórcio, de fora do Estado, as universidades federais do ABC (UFABC), Fluminense (UFF) e de Uberlândia (UFU).
O podcast “Comunicação Universitária em Rede” vai ao ar todas as quartas-feiras às 9h30 da manhã, na Rádio UFSCar (95,3 FM em São Carlos e região e em www.radio.ufscar.br) e, logo em seguida, fica disponível nos principais tocadores e agregadores de podcasts.
No episódio desta semana, além da estreia da série “As Cidades e as Águas”, outra reportagem especial apresenta a interação de equipe de cientistas da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) com o município de Barra do Rio de Azul, de cerca de 1.600 habitantes, que fica no noroeste do estado do Rio Grande do Sul. A Prefeitura Municipal procurou o Campus Erechim da UFFS, próximo à cidade, para a realização de diagnóstico e, posteriormente, plano para prevenção e mitigação de impactos de inundações. Barra do Rio Azul se desenvolveu às margens de dois rios, o Azul e o Paloma, e sofreu danos importantes não só neste ano, mas também nas enchentes de novembro de 2023.
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