Levantamento mostra que um profissional da indústria de alta tecnologia ganha, em média, um salário 82% maior que o de média-baixa tecnologia
Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que quanto maior a participação dos segmentos industriais de média e alta tecnologia no país, maior a renda per capita da população. O estudo aponta que um profissional da indústria de média-baixa tecnologia ganha um salário médio de R$ 3.238,14, enquanto um profissional de uma indústria de alta tecnologia ganha um salário médio de R$ 5.901,31, quase duas vezes mais.
Os dados foram elaborados pelo Observatório Nacional da Indústria da CNI. “Os segmentos industriais mais sofisticados mobilizam cadeias produtivas mais longas e agregam maior valor à economia do país. Eles demandam profissionais mais bem qualificados e promovem tecnologias e inovações que elevam a produtividade da própria indústria e dos demais setores, como o primário e de serviços”, explica o especialista em políticas e indústria, Danilo Severian.
A falta de investimentos em indústrias de alta tecnologia, além de prejudicar a produtividade da economia, traz efeitos negativos na balança comercial. O saldo comercial da indústria de transformação tem sido deficitário nas últimas décadas, sendo apenas o segmento de média-baixa tecnologia, que inclui algumas commodities, superavitário. Em 2023, o país observou saldo negativo de US$40 bilhões na indústria de alta intensidade tecnológica. Isso faz com que o Brasil perca espaço na concorrência global nos setores mais tecnológicos, onde estão os empregos com salários maiores.
A indústria brasileira não só perdeu peso relativo nas últimas três décadas – a chamada desindustrialização precoce – como também foi se especializando em segmentos de menor intensidade tecnológica, com foco principalmente em commodities e bens de consumo corrente leves. Isso provoca a perda da complexidade produtiva.
“Para reverter esse cenário, é necessário recuperar a qualidade produtiva da indústria e investir em segmentos de média-alta e alta intensidade tecnológica, que potencializam não só a competividade do Brasil diante de outras economias industriais consolidadas e em ascensão, como também a elevação da renda per capita dos brasileiros ao gerar empregos mais qualificados”, explica o diretor de desenvolvimento industrial Rafael Lucchesi.
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