O ministro italiano das Relações Exteriores pediu uma extensão do ultimato da Cedeao antes de uma ação militar. “O único caminho é o diplomático”, declarou Antonio Tajani ao jornal La Stampa.
Segundo informações da RFI, o comando da força africana da Cedeao está à espera de ordens para intervir.
Os militares que tomaram o poder no Níger anunciaram o fechamento do espaço aéreo do país minutos antes do término do prazo do ultimato da Cedeao.
“Diante da ameaça de intervenção, que se torna mais clara devido à preparação dos países vizinhos, o espaço aéreo nigerino está fechado a partir deste domingo (…) para todas as aeronaves até segunda ordem”, afirmou a junta militar em comunicado.
“Qualquer tentativa de violação do espaço aéreo” resultará em “uma resposta enérgica e imediata”, acrescentou o texto.
O anúncio ocorreu poucos minutos antes do fim do ultimato do bloco da África Ocidental (Cedeao) aos militares para que devolvessem o poder ao presidente democraticamente eleito, Mohamed Bazoum.
Bazoum foi deposto em 26 de julho, quando membros de sua própria guarda o detiveram.
Há uma semana, a Cedeao deu aos novos governantes militares do Níger, o Conselho Nacional de Salvaguarda da Pátria (CNSP), um prazo de sete dias para se retirarem ou enfrentarem uma possível intervenção militar.
Em outro comunicado, o CNSP disse que houve um “desdobramento anterior para a preparação da intervenção em dois países da África Central”, sem especificar quais. “Qualquer Estado envolvido será considerado cobeligerante”, advertiu.
“Ameaça para a sub-região”
As fronteiras terrestres e aéreas do Níger com cinco países vizinhos – Argélia, Burkina Faso, Líbia, Mali e Chade – foram reabertas em 2 de agosto, quase uma semana após terem sido fechadas durante o golpe de Estado.
Dois dos países vizinhos, Nigéria e Argélia, são favoráveis a uma solução diplomática.
O presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, também pediu neste domingo aos líderes do golpe que desistam. “Condenamos a tentativa de golpe no Níger, que representa uma séria ameaça à paz e à segurança da sub-região”, disse.
Nas ruas do bairro de Boukoki, na capital Niamey, moradores se mostraram determinados a defender o país diante da perspectiva de uma intervenção armada.
“Vamos lutar por esta revolução. Não vamos recuar perante o inimigo, estamos determinados”, declarou um morador, Adama Oumarou, acrescentando que eles tinham “esperado muito tempo por esse golpe”.
“Fora França!”
Cerca de 30 mil partidários dos generais se reuniram neste domingo em um estádio em Niamey para expressar seu apoio e ouvir uma delegação do CNSP.
No local, eles foram aclamados e cercados por uma multidão entusiasmada, de acordo com repórteres da AFP. O general Mohamed Toumba, o terceiro no comando, fez um discurso denunciando aqueles que “espreitam nas sombras” e que estão “conspirando para a subversão” contra o “progresso do Níger”.
“Hoje é o dia da nossa verdadeira independência!”, gritou um jovem, enquanto a multidão ao seu redor gritava “fora França, fora Cedeao!”.
O golpe foi condenado por todos os parceiros ocidentais e africanos do Níger, mas o exército nigerino recebeu o apoio de militares no Mali e Burkina Fasso, que também chegaram ao poder por meio de golpes em 2020 e 2022, respectivamente, e também enfrentam a violência jihadista.
Perspectiva incerta
A França anunciou na noite deste domingo a suspensão “até novo aviso” de todas as suas “ações de ajuda ao desenvolvimento e apoio orçamentário” em Burkina Fasso.
Paris apoia os países da Cedeao em seus esforços para restaurar o presidente Bazoum, que foi preso após o golpe.
No entanto, a perspectiva de uma intervenção militar por parte dos países da África Ocidental ainda é incerta.
Os senadores da Nigéria pediram no sábado ao presidente Bola Tinubu para “fortalecer a opção política e diplomática”. A Argélia, que não faz parte da Cedeao, mas compartilha quase 1.000 quilômetros de fronteira com o Níger, também expressou suas reservas no sábado à noite.
As relações entre os militares que assumiram o poder e a França, antiga potência colonial, se deterioraram nos últimos dias.
Na quinta-feira, eles se retiraram dos acordos de cooperação no campo da segurança e defesa com a França, que mantém um contingente militar de 1.500 soldados no Níger para a luta antijihadista. (com AFP)
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