Em meio à polêmica que resultou na queda do então comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), Julian Rocha Pontes, que perdeu o cargo por furar a fila de vacinação contra a covid-19, a imunização dos profissionais de segurança estava prevista para começar neste sábado (3/4), mas foi adiada para segunda-feira. O clima ficou tenso na corporação, a mais atingida pela covid-19. Em 24 horas, cinco PMs morreram vítimas da doença. A exoneração de Julian foi publicada ontem em edição extra do Diário Oficial do DF (DODF). No lugar dele, assume o coronel Márcio Cavalcante de Vasconcelos, ex-subsecretário da Subsecretaria de Operações Integradas, da Secretaria de Segurança Pública (Sopi/SSP).
Procurado pelo Correio, Pontes defendeu que, “apesar de poder ser classificado como inoportuno, tal ato não foi ilegal”. Disse, ainda, que “em nenhum momento furou os critérios estabelecidos para a vacinação”.
Na linha de frente, os militares lideram o ranking das forças de segurança com o maior número de servidores infectados e mortos pela covid-19. Após o coronel Julian Pontes tomar a “xepa” da vacina antes dos mais de 9 mil praças da ativa, o clima esquentou na PMDF e gerou revolta entre os militares que trabalham nas ruas. O governador Ibaneis Rocha (MDB) não teve outra opção a não ser exonerá-lo do cargo.
Fontes policiais ouvidas pelo Correio informaram que, além de Julian Pontes, outros dois militares, incluindo o subcomandante-geral da corporação, coronel Cláudio Fernando Condi, e o irmão dele, o subcomandante operacional do 2º Comando de Policiamento Regional, tenente-coronel Eduardo Condi, receberam os imunizantes. Eduardo Condi passou a atuar na área administrativa da PMDF após ser indiciado 23 vezes por tráfico de animais silvestres, fraude processual, maus-tratos e associação criminosa no âmbito da operação Corn Snake, deflagrada pela 14ª Delegacia de Polícia (Gama) em julho do ano passado.
Nos bastidores, cravam, ainda, a saída do subcomandante-geral depois da polêmica. Um dos nomes cotados para o cargo é o do coronel Cristiano de Oliveira Souza, ex-subsecretário de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública e “02” de Vasconcelos na SSP-DF.
Mais dois policiais foram citados no esquema de furar a fila de vacinação, mas negaram ter recebido o imunizante. Um deles é o chefe do Departamento Operacional (DOP), coronel Hemerson Rodrigues. “Não vacinei e não vou vacinar enquanto meu último homem não vacinar. Sou um profissional de 30 anos de carreira, sabem que eu não fiz. Todo final de semana estou na Esplanada. Quem não me conhece acha que eu tomei a vacina e, por dever moral, não faria isso e não farei. Estou com restrição (de sair de casa) porque minha esposa está grávida. Não procurei ninguém para ser vacinado. Achei isso uma injustiça como profissional”, declarou, ao Correio.
O chefe do Estado Maior, o coronel Marcelo Helberth de Souza, lamentou ter o nome divulgado “fora de contexto”. “A informação que tenho é que inseriram o meu nome num contexto que desconheço por completo, visto que não tomei vacina alguma. O fato é que estou afastado com suspeita de covid-19, o que acabou não se confirmando. Em nenhum momento tomei vacina. Não posso falar do nome dos demais, mas da minha parte eu esclareço que não tomei vacina alguma, mesmo que estivesse apto, não teria tomado”, frisou o militar. (com informações: correiobraziliense)
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