sábado , 23 novembro 2024
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Egípcios vão às urnas em eleição presidencial que pode dar terceiro mandato a Abdel Fattah al-Sissi

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Dezenas de eleitores de todas as idades, a maioria mulheres, aglomeraram-se na manhã deste domingo em frente à escola Abdeen, no centro histórico do Cairo, em meio a um grande esquema de segurança. Cartazes com o chamado “participe” são exibidos em frente à seção eleitoral, onde um DJ toca músicas nacionalistas. 

Além do atual presidente, três candidatos quase desconhecidos do público estão na disputa: Farid Zahran, à frente do Partido Democrático e Social Egípcio (esquerda), Abdel-Sanad Yamama, do Wafd, um partido centenário mas agora marginal na política egípcia, e Hazem Omar, do Partido Popular Republicano. 

“É importante participar, mas temos que ser realistas: sabemos que Sissi vencerá porque as pessoas não conhecem os outros candidatos”, disse à AFP uma eleitora de 50 anos, que se recusa a revelar o seu nome. 

Apesar das dificuldades enfrentadas pelos egípcios, não parece existir qualquer oposição séria no país governado por Sissi, o quinto presidente originário do Exército desde 1962, e que governa com mão de ferro. 

Campanha eleitoral ofuscada pela guerra
Longe de entusiasmar as multidões, a campanha presidencial aconteceu à sombra da guerra entre Israel e o Hamas, que monopoliza a atenção dos meios de comunicação e da opinião pública no Egito.
“Precisamos de alguém que seja capaz de gerir o que se passa na fronteira com Gaza”, diz um eleitor de cinquenta anos.
Fethi Ali, 79 anos, vota no centro do Cairo e só quer uma coisa: “que o próximo presidente estabeleça uma cobertura de saúde para todos”, um dos grandes projetos da presidência de Sissi.
O jornalista e ativista Khaled Dawood denuncia “uma atmosfera sufocante de supressão das liberdades, controle total dos meios de comunicação e serviços de segurança que impedem a oposição de agir nas ruas”. “Não temos ilusões: a votação não será (…) nem credível nem justa”, escreveu ele no Facebook, acrescentando que votará em Zahran, a fim de “enviar uma mensagem clara ao regime”: “queremos mudança”, porque “depois de dez anos, as condições de vida dos egípcios se deterioraram e corremos o risco de falência”.
Herança de Sissi
Nas eleições presidenciais de 2014 e 2018, o ex-marechal Abdel Fattah al-Sissi, que chegou ao poder em 2013 ao derrubar o islamista Mohamed Morsi, venceu com mais de 96% dos votos. Desde então, ele estendeu a duração do mandato presidencial de quatro para seis anos e alterou a Constituição para aumentar o limite de dois para três mandatos presidenciais consecutivos.
Nas últimas eleições presidenciais, a participação atingiu 41,5%, ou seis pontos a menos que na eleição anterior.
Muitos egípcios acreditam que Sissi é o arquiteto do regresso à calma no Egito, após o caos que se seguiu à “revolução” de 2011 e à queda de Hosni Mubarak, após 30 anos de governo.
Desde o início do seu primeiro mandato em 2014, Sissi prometeu trazer estabilidade, incluindo progresso econômico. Um ambicioso programa de reformas, com redução dos subsídios estatais, foi empreendido a partir de 2016.
As medidas, contudo, levaram a um aumento dos preços e alimentaram o descontentamento do eleitorado e fez com que até mesmo o apoio estrangeiro diminuísse ao longo dos anos. A dívida triplicou e os megaprojetos, frequentemente atribuídos ao Exército, não produziram até agora os retornos prometidos.
Os resultados oficiais da eleição presidencial no Egito devem sair em 18 de dezembro.
(Com informações da AFP)

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