quinta-feira , 21 novembro 2024
Saúde

Médico alerta sobre o impacto do consumo excessivo de álcool no organismo

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Estudo realizada pela Universidade de Keele, no Reino Unido, aponta que os sintomas de ressaca são mais comuns nos jovens do que nas pessoas com 60 anos ou mais

De acordo com estudo recente realizada pela Universidade de Keele, no Reino Unido, a frequência e a intensidade da ressaca podem diminuir com a idade. A pesquisa constatou que, os sintomas de exaustão, náusea e tontura, eram mais intensos e comuns entre jovens de 18 a 29 anos, comparado com pessoas de 60 anos ou mais. A pesquisa analisou cerca de 52 mil indivíduos.

Segundo o professor e fisiologista da Universidade Santo Amaro (Unisa), – uma das mais importantes faculdades médicas do país, Douglas da C. Braga, a análise indica que com o passar do tempo, algumas pessoas podem se tornar mais tolerantes aos efeitos do álcool, ou adotarem comportamentos que minimizem os sintomas. “Braga enfatiza a importância de reconhecer que os efeitos do consumo excessivo de álcool vão além da ressaca, impactando negativamente a saúde a longo prazo. Além disso, destaca-se a preocupante interação do álcool com vários fármacos prescritos para o tratamento de inúmeras condições de saúde, potencializando riscos e complicando terapias medicamentosas.

Dentre os efeitos imediatos no consumo excessivo de álcool estão: as alterações na fala (arrastada), comprometimento sensitivo e motor (reflexos), confusão mental, vômitos e em alguns casos pode levar ao coma. “A ressaca é uma combinação de sintomas físicos e mentais que ocorrem após o consumo excessivo de álcool, resultado da concentração de álcool no sangue, após sua total metabolização, isso se dá a cerca de 6 a 8 horas após a ingestão de bebidas alcoólicas e podendo durar até 24 horas”, explica o fisiologista.

Os sintomas mais comuns da ressaca incluem: boca seca, dor de cabeça, náuseas, tontura, problemas de concentração, desconforto gastrintestinal, cansaço, tremores, falta de apetite, sudorese, sonolência, ansiedade e irritabilidade. Estes sintomas são principalmente atribuídos ao acetaldeído, um subproduto da metabolização do álcool.

“A ressaca pode envolver desidratação, que causa sensação de boca seca, dores musculares devido à perda de sais minerais; irritação gastrintestinal devido ao aumento da produção de suco gástrico; diminuição na concentração de glicose no sangue (hipoglicemia) induzida pelo álcool, que pode afetar o funcionamento cerebral; e alterações no padrão e na qualidade do sono”, comenta Braga.

De acordo com as características fisiológicas do indivíduo, como: a quantidade e frequência de álcool consumido, teor alcoólico, ingestão de água e ter se alimentado previamente ou durante, pode minimizar os efeitos. “O professor ressalta, que quanto maior a quantidade de líquido corporal, maior a diluição do álcool ingerido” “Comparado com os homens as mulheres apresentam uma menor proporção de líquido corporal”, explica o doutor.

Café não ajuda a curar a ressaca

Segundo o professor, para tratar a ressaca, a hidratação é fundamental, pois o álcool causa desidratação significativa. Beber muita água, sucos e até mesmo isotônicos pode ser benéfico. “Evitar café pois a bebida é diurética e que pode ajudar a minimizar a perda de líquidos”, esclarece o doutor Douglas. O professor esclarece que a hidratação é crucial no tratamento da ressaca, pois o álcool induz uma desidratação acentuada ao inibir a produção e liberação do hormônio antidiurético (ADH), resultando em uma maior excreção de água pelos rins.

Apesar da crença popular de que o café e outras bebidas cafeinadas poderiam aliviar os sintomas de ressaca devido ao seu efeito estimulante sobre o sistema nervoso central, que teoricamente reduziria a sonolência e a dor de cabeça — particularmente quando consumidos com açúcar —, não há evidências científicas que sustentam essa prática comum.

Para o doutor Douglas o consumo excessivo de café durante a ressaca deve ser evitado, devido ao seu potencial efeito natriurético (reduzindo a reabsorção renal de sódio e aumento a sua excreção, na urina), que por conseguinte, intensifica por “osmose”, a eliminação de líquidos através da urina. Ele enfatiza a importância de se manter hidratado para enfrentar a ressaca de maneira eficaz, ingerindo muita água, sucos e até mesmo isotônicos, pode ser benéfico e apontando para a necessidade de moderação no consumo de bebidas cafeinadas o que minimizaria a perda de líquidos”, pontua o doutor Douglas.

Além disso, o repouso é crucial para a recuperação, pois o corpo precisa de tempo para metabolizar o álcool e o acetaldeído tóxico. “É importante ressaltar que não existem remédios específicos para curar a ressaca, o foco deve ser na reidratação e no descanso e em casos mais graves, buscar apoio de um médico ou especialista”, recomenda Braga.

O efeito do consumo do álcool a longo prazo

Ainda segundo o doutor Douglas a ingestão de álcool em excesso está correlacionada há alterações gastrointestinais, hepatopancreática, neuropsiquiátricas, cardiovasculares, hematopoiéticas e até mesmo fetais. “A longo prazo, o abuso de álcool pode aumentar o risco de várias complicações de saúde, incluindo doenças hepáticas como esteatose, hepatite e cirrose.

O pâncreas também é afetado de forma importante, sendo a principal causa de pancreatite crônica em adultos. No caso do sistema cardiovascular, pode levar cardiomiopatias, hipertensão, aumento do colesterol e arritmias. O estômago pode inflamar, levando a gastrites e úlceras.

O consumo excessivo de álcool também pode afetar o cérebro, aumentando os riscos de danos cerebrais e deterioração cognitiva, além de enfraquecer o sistema imunológico. Sendo considerado é um fator de risco para vários tipos de câncer, incluindo câncer de boca, esôfago, fígado, intestino e mama.

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