quinta-feira , 21 novembro 2024
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Reforma na ONU? Especialista em Relações Internacionais do CEUB analisa discurso de Lula em Nova York

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Para especialista, o presidente brasileiro busca chamar a atenção para a necessidade de solucionar guerras e crises enfrentadas pela humanidade

Em discurso na 79ª Assembleia Geral da ONU, na terça-feira (24), o presidente Lula posicionou o Brasil no cenário global perante a soberania digital, o conflito Israel-Palestina, a guerra entre Rússia e Ucrânia, as mudanças climáticas e a necessidade de reforma da Nações Unidas. Renato Zerbini, professor de Relações Internacionais do Centro Universitário de Brasília (CEUB), analisa a repercussão das declarações do presidente brasileiro e a importância de uma postura ativa do país na promoção da paz e da aliança do Brasil entre os países.

Confira a entrevista, na íntegra:

Como interpreta o pedido de Lula por uma “reforma da ONU” e qual seria a importância da solicitação do presidente brasileiro?
RZ: A “reforma da ONU” é um discurso histórico da política externa brasileira. Um discurso de Estado, portanto. O presidente defende uma reforma na ONU com foco na ampliação do Conselho de Segurança, especialmente dentre os seus membros permanentes e com o poder veto, para incluir mais países e regiões como a América Latina. A proposta visa tornar a ONU mais representativa e eficiente na resolução de conflitos, pois, apesar de suas limitações, a organização ainda é o principal espaço para o diálogo político, a paz duradoura e a cooperação global.
 
Em seu discurso, Lula cita a “soberania dos países para regular o ambiente digital”. O que ele quer dizer e quais as implicações para as plataformas digitais e a liberdade de expressão?

RZ: A soberania digital significa que cada país pode estabelecer uma regulação legítima para o seu ambiente digital, com as suas próprias regras. A ideia não deve ser confundida com a censura, mas sim com a garantia de que essa regulação, as normas locais e o Estado Democrático de Direito sejam respeitados. Isso impacta plataformas que precisarão se adaptar às regulamentações nacionais, como já ocorre em várias regiões do mundo. A liberdade de expressão deve coexistir com a necessidade de acesso a informações precisas, especialmente em questões como a pandemia, onde houve ampla disseminação de Fake News.
 
Como avalia a estratégia do Brasil, sob a liderança de Lula, para se posicionar como mediador em conflitos internacionais, como na Ucrânia e no Oriente Médio?

RZ: Lula busca posicionar o Brasil como um mediador neutro, respeitando os princípios da Carta da ONU, como a não interferência nos assuntos internos dos Estados e a solução pacífica de conflitos. Com isso, o país fortalece sua imagem como promotor do multilateralismo e da defesa dos direitos humanos.
 
Por que o conflito Israel-Palestina é tão central na política internacional e qual é a importância das críticas de Lula às ações de Israel?
RZ: O conflito Israel-Palestina tem raízes históricas e geopolíticas complexas que remontam à criação do Estado de Israel em 1948. As críticas de Lula às ações israelenses destacam violações explícitas das normas do Direito Internacional Humanitário e trazem à tona a importância de proteger civis nos conflitos. Ao criticar, o presidente brasileiro busca chamar a atenção para a necessidade de uma solução que respeite os direitos humanos.
 
Qual é a relevância do Brasil apresentar, junto com a China, uma proposta de paz para a guerra entre Rússia e Ucrânia?
RZ: O Brasil tem um papel importante na mediação de conflitos devido à sua posição de neutralidade e diálogo. Junto com a China, uma potência global, o país reforça os princípios da ONU e tenta buscar uma solução pacífica. Isso fortalece a imagem do Brasil como defensor da estabilidade global e de uma ordem internacional fincada nos princípios gerais da Carta da ONU.
 
Como as mudanças climáticas afetam o Brasil no contexto diplomático e por que Lula destacou o tema em seu discurso?
RZ: As mudanças climáticas afetam o Brasil de diversas formas: aumento das temperaturas, secas e impactos na produção agrícola. Isso compromete não só a segurança alimentar, mas também a economia. No discurso na ONU, Lula buscou alertar para a importância de combater o desmatamento e as queimadas, que intensificam esses problemas, reforçando a urgência de ações coordenadas para um desenvolvimento sustentável.
 
Como o combate à fome se conecta com a crise climática e qual é o papel do Brasil?

RZ: A fome e a crise climática estão interligadas: mudanças no clima afetam diretamente a produção de alimentos. O Brasil, como grande exportador agrícola, ademais de fazer o dever de casa no assunto, tem a responsabilidade de liderar iniciativas globais para enfrentar esses desafios e garantir a segurança alimentar mundial.

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