sábado , 23 novembro 2024
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CPI: vendedor da Davati vê disputa de grupos na Saúde e chama propina de ‘comissionamento’

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Em seis horas de depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira (15), o representante de vendas da Davati Medical Supply Cristiano Carvalho disse que teve conhecimento de um pedido de um “comissionamento extra” para a aquisição de vacinas pelo governo. Ele também relatou uma disputa interna entre grupos no Ministério da Saúde.
A Davati entrou nas investigações da CPI após o policial militar e vendedor de vacinas Luiz Paulo Dominghetti ter denunciado uma cobrança de propina de US$ 1 por dose em meio à oferta de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca ao Ministério da Saúde. Segundo Dominghetti, o pedido teria sido feito em 25 de fevereiro pelo então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, exonerado pelo governo logo após a acusação. Em depoimento à CPI, Dias negou a cobrança.
Carvalho disse que a partir de fevereiro passou a ser procurado de forma “insistente” por pessoas do Ministério da Saúde. Apesar de a Davati ter mantido tratativas oficiais com o governo federal sobre a venda da vacina AstraZeneca, a farmacêutica negou ter qualquer tipo de intermediação na venda de imunizantes.
Senadores governistas e da oposição acusam a companhia de tentar dar um golpe, se apresentando como suposta vendedora de vacinas. Representantes da empresa tiveram reuniões com ao menos oito autoridades – entre as quais, seis militares.
Aos senadores, Cristiano Carvalho afirmou ter sido informado de um pedido de “comissionamento” após um jantar em 25 de fevereiro entre Dominghetti, Roberto Dias e o coronel Marcelo Blanco, ex-assessor do Ministério da Saúde.
Ainda segundo essa versão, o pedido de “comissionamento” partiu do “grupo do Blanco”.
Duas semanas depois do jantar, Carvalho teve uma reunião no Ministério da Saúde, ao lado de Dominghetti, para tratar da venda de doses da AstraZeneca.
Nesta quarta, Carvalho se apresentou como vendedor e negou ter qualquer tipo de vínculo empregatício ou contrato com a Davati. Também negou atuar como CEO (diretor-executivo) da empresa, conforme relatou Dominghetti.
Ele disse que trabalhava como representante de vendas, fazendo a ponte da relação comercial entre o Brasil e a sede da empresa, nos Estados Unidos.
A procura pela Davati, disse Carvalho, começou por meio do reverendo Amilton Gomes de Paula, fundador de uma organização evangélica chamada Senah.
Carvalho disse ainda ter conhecido Dominghetti somente em 10 de fevereiro, por meio de um representante de vendas chamado Rafael Alves – esse mesmo representante também foi citado na CPI em mensagens trocadas com o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF).
Cristiano Carvalho admitiu que no início das tratativas estava “incrédulo” sobre a possibilidade de venda de vacinas, mas que começou a dar mais “atenção” a isso quando começaram a chegar contatos oficiais do Ministério da Saúde por meio de e-mails e telefonemas.

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