A CPI da Covid-19 votou, na manhã desta terça-feira (3/8), mais de 130 requerimentos de informação, convocação e quebras de sigilo. Após a parte deliberativa da oitiva, senadores deram início ao depoimento do reverendo Amilton Gomes de Paula — a quem coube intermediar as tratativas entre o Ministério da Saúde e a Davati Medical Supply, que ofertou doses de vacinas ao governo federal.
Entre os 135 itens na pauta, os parlamentares incluíram a transferência de dados telefônicos, fiscais, bancários e telemáticos de Dominguetti e de Cristiano Alberto Hossri Carvalho, procurador da Davati no Brasil.
O próprio reverendo também é alvo de requerimento que solicita a quebra total de sigilo, assim como o líder do governo na Câmara, deputado federal Ricardo Barros. O congressista é investigado por denúncias de irregularidades no processo de aquisição da vacina indiana Covaxin pelo Ministério da Saúde.
Senadores querem saber de qual servidor do Ministério da Saúde partiu a autorização para que o reverendo, sem experiência na área, intermediasse processos de aquisição com valores milionários. Segundo troca de e-mails, o envolvimento do reverendo tinha anuência do diretor de Imunização da pasta federal, Laurício Cruz.
Em depoimento aos senadores, o reverendo disse ter sido usado. “Fomos usados de maneira ardilosa, para fins espúrios. Vimos um trabalho de mais de 22 anos de uma ONG ser jogado na lama, trazendo prejuízo a sua dignidade.”
Amilton fundou a Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), uma organização não governamental (ONG) sem fins lucrativos. O nome da entidade foi citado pelo policial militar e vendedor da Davati, Luiz Paulo Dominguetti.
Dominguetti relata que contou com a ajuda da Senah para iniciar as tratativas com a Saúde, na comercialização de 400 milhões de doses de vacinas contra Covid-19. O negócio não teve andamento após discordância do policial com suposta cobrança de propina de US$ 1 por dose, pelo então diretor de Logística da pasta, Roberto Dias.
O reverendo negou que a Senah tenha participado das negociações para venda de imunizantes. “Eu estava apenas indicando alguém que teria essas vacinas”, enfatizou.
Amilton ressaltou que a ONG serviu apenas de canal de comunicação entre a Davati e o Ministério da Saúde. “Eu desconheço a negociação de vacinas pela Senah. O trabalho da Senah é humanitário. Então, a priori, quando vieram conversar conosco, abrimos uma conversação porque esse preço a US$ 3,50 [por dose]… Diante da possibilidade de disponibilização de vacinas ao Brasil, nós os indicamos”, completou.
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