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Polícia Civil do DF confirma troca de bebês em hospital de Planaltina, sete anos após partos

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Geruza Ferreira e a filha — Foto: TV Globo/Reprodução
Geruza Ferreira e a filha — Foto: TV Globo/Reprodução

Um exame de DNA feito pela Polícia Civil do Distrito Federal confirmou uma troca de bebês entre duas famílias, no Hospital Regional de Planaltina, em 14 de maio de 2014. A filha biológica da dona de casa Geruza Ferreira, de 38 anos, foi trocada com o bebê que nasceu cinco minutos depois, na unidade de saúde.
O resultado do exame foi divulgado nesta quarta-feira (27). O caso veio à tona depois que a TV Globo noticiou que Geruza descobriu, no ano passado, não ser a mãe biológica da menina que cria há sete anos. Após a repercussão, a outra família procurou a polícia para também fazer o teste. Para chegar ao resultado, a polícia comparou o material genético das duas mães e das duas filhas.
O governo do DF já foi condenado, em primeira instância, a pagar indenização de R$ 300 mil à dona de casa. Segundo o delegado-chefe da 16ª Delegacia de Polícia, Diogo Cavalcante, “agora seguimos para identificar os servidores envolvidos para eventual responsabilização criminal”.
Questionada pelo g1, a Secretaria de Saúde disse que “reforça a sua posição de integral colaboração e se coloca à disposição da Justiça para prestar os devidos esclarecimentos sobre o caso. Sempre que notificada, a pasta fornecerá todas as informações necessárias às autoridades competentes”.
A pasta ressaltou que o caso corre em sigilo. No entanto, não respondeu se haverá apuração interna para indicar responsáveis, nem se vai oferecer atendimento às famílias envolvidas.
Reação após descoberta
Segundo o advogado de Geruza, Advalci Pereira, foi convocada para esta quarta uma audiência entre os responsáveis pela realização dos exames. Além das famílias, o encontro contou com a presença do diretor do Instituto de Pesquisa de DNA Forense da Polícia Civil, Samuel Ferreira, e do delegado responsável pelo caso.
“Eles apresentaram os exames de DNA. Realmente, ficou comprovado que houve a troca na maternidade”, afirma o advogado.
“Agora vamos dar continuidade nos trabalhos, na parte psicológica. São duas famílias destruídas. Estamos tentando encontrar meios para ajudar essas famílias a reestabelecerem esses laços.”
O advogado Caio Henrique Nascimento, que representa a outra família, diz que o momento foi de “muito abalo emocional” para as envolvidas. “As duas mães buscam, neste momento, se unir para o melhor interesse das menores.”
Descoberta
A filha de Geruza foi fruto de uma relação que ela teve com um homem, entre 2010 e 2013. No fim da gestação, eles terminaram. A filha nasceu em 14 de maio de 2014, no Hospital Regional de Planaltina. O ex-companheiro registrou a criança e ajudou financeiramente nos primeiros anos, mas não manteve contato próximo com ela.
Em 2020, a mãe foi surpreendida com um processo, movido pelo homem, no qual pedia a exclusão do nome dele do registro da criança. O motivo: o pai havia feito um exame de DNA, que comprovou que a menina não era filha dele.
Consternada com a situação, Geruza decidiu fazer um exame de DNA para comparar o próprio sangue e o da criança. O resultado chocou a mulher. Não havia possibilidade de a menina ser filha biológica dela.
Desde então, a dona de casa tinha certeza da troca de crianças no hospital. “Por volta das 5h, eu tive a bebê. Eles levaram, deram banho, trouxeram e me deram. Quando eu cheguei em casa, os vizinhos, por eu ser mais clara e o pai dela também ser claro, sempre falavam: ‘Essa menina é muito escura’. Mas na minha família tem todas as cores, aí eu nunca dei importância para isso”, diz.
Ação na Justiça
Após a descoberta, Geruza foi à Justiça pedir o pagamento de indenização pelo governo do DF, devido aos danos causados pela situação. Em defesa, o governo disse que a mulher não apresentou provas de que houve negligência na atuação dos servidores do hospital.
Segundo o Executivo local, “foram adotados todos os procedimentos adequados para o nascimento da filha da autora, não havendo nenhum elemento que permita aferir a veracidade das alegações da autora quanto à possível troca dos bebês na maternidade”.
No entanto, ao analisar o caso, o juiz Alessandro Marchio Bezerra Gerais já havia entedido que ficou comprovada a troca das crianças.
“Como não é razoável presumir que a troca tenha ocorrido em momento posterior à alta da autora da maternidade sem que ela percebesse (até porque, com o tempo, as feições do bebê vão se definindo), reputo devidamente comprovado que a sua filha biológica foi trocada quando do seu nascimento no estabelecimento hospitalar supra apontado”, diz na decisão.
Ainda de acordo com o magistrado, “não é difícil imaginar o estado de permanente angústia e ansiedade pela qual passa a autora desde que o fato veio à tona”.
“Em uma situação como esta, em que não se sabe sequer se o filho biológico está vivo, e caso esteja, se está sendo criado e educado em condições dignas, cria-se uma série de incertezas que a autora eventualmente poderá carregar para o resto de sua vida, causando sérios prejuízos inclusive para a sua forma de se relacionar e interagir com as pessoas mais próximas.”
Impacto emocional
A mãe afirma que a filha já sabe da situação. “Ela é muito inteligente. Ela percebeu e eu mesmo contei, mesmo sem ajuda de um psicólogo. Não tinha mais como esconder dela”, conta Geruza.
“Afetou a família inteira. Com esse problema, esse erro do hospital. E eu queria contar para não ocorrer com outras famílias. Para ninguém passar pelo que eu estou passando por que é muito dolorido. Você fazer várias perguntas e não ter nenhuma resposta”, diz.
“Foi um crime o que fizeram, comigo e com a outra família. A menor que está comigo eu sei que está sendo bem cuidada, tem amor. E a outra? Onde e como está? Como está sendo tratada? Ás vezes, eu nem durmo a noite, pensando”, diz Geruza. (As informações são do G1)

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