O governo Bolsonaro está usando a guerra na Ucrânia como pretexto para acelerar a votação de um projeto que libera a mineração em terras indígenas. Desde a semana passada, o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros, reúne assinaturas para tentar incluir na pauta a urgência da análise de um projeto apresentado em 2020 e que, em linhas gerais, permite que o presidente da República apresente projetos de exploração mineral em terras indígenas mesmo com manifestação contrária dos povos afetados e que a mineração comece provisoriamente mesmo sem autorização final do Parlamento.
Os que defendem o projeto avaliam os possíveis impactos na agricultura no Brasil por conta da dependência de fertilizantes vindos da Rússia. O próprio presidente Jair Bolsonaro tem usado esse argumento, que cresce no cenário em que o líder russo, Vladimir Putin, afirmou que vai limitar o comércio de matérias primas russas até o final deste ano em resposta a uma mais uma sanção que recebeu por ter invadido a Ucrânia. Ontem, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que não vai mais importar petróleo e gás natural da Rússia. Putin vai retaliar e deve publicar nos próximos dias uma lista com os produtos que não serão mais comercializados aos outros países. Importante destacar que o Brasil não deve constar na lista, mas pode ser afetado com empresas de transporte que param de atender à Russia.
Voltando à questão do projeto, os contrários à mineração em terras indígenas avaliam que a liberação faz parte de um “pacote de destruição”, no qual também está o projeto que facilita a liberação do uso de agrotóxicos. Contra esse pacote será realizada uma manifestação hoje, em frente ao Congresso Nacional, encabeçada por artistas, entre eles, Caetano Veloso.
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