No Dia Nacional da Liberdade de Imprensa, celebrado em 7 de junho, veículos de comunicação, parlamentares e autoridades públicas chamaram a atenção para os números preocupantes de agressões, ameaças e intimidações sofridas pelos jornalistas brasileiros.
Uma ação inédita em defesa do jornalismo profissional mobilizou todos os jornais impressos e sites do consórcio de veículos de imprensa – formado por g1, TV Globo, GloboNews, O Globo, Extra, Valor Econômico, CBN, Estadão, Rádio Eldorado, Folha de S.Paulo e UOL – que publicaram reportagens sobre o assunto, além de um anúncio de página inteira e uma tarja preta no alto de suas capas.
Dois dias antes da data, o Brasil soube do desaparecimento do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira, durante viagem ao Vale do Javari, em Atalaia do Norte (AM), área de exploração irregular de minério.
Em nota, a ABERT considerou “crítica e inaceitável a falta de informações oficiais” sobre o sumiço dos dois profissionais e cobrou das autoridades brasileiras celeridade na apuração e esclarecimento do caso e localização de Dom Phillips e Bruno Pereira.
No Congresso Nacional, parlamentares citaram o Relatório da ABERT sobre os casos de violações à liberdade de expressão em 2021 e lamentaram que a imprensa tenha “muito pouco a comemorar”. No plenário do Senado, a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) mencionou os números apurados pela ABERT no ano passado, quando pelo menos 230 profissionais e veículos de comunicação sofreram algum tipo de ataque, 22% a mais do que em 2020.
— O que nós temos, na verdade, de forma muito clara? Nós temos xingamentos, nós temos ameaças de morte, nós temos violência física e nós temos intimidações, afirmou.
Dia Nacional da Liberdade de Imprensa
Em 7 de junho de 1977, cerca de 3 mil jornalistas assinaram um manifesto que exigia o fim da censura e instauração de uma imprensa livre no Brasil. O ato corajoso ocorreu em plena ditadura militar, durante o governo do general Ernesto Geisel. Nessa época, os censores estavam sempre presentes nas redações dos jornais, apagando todas as críticas ao governo. Prisões, torturas e até mesmo a morte aguardavam os jornalistas brasileiros que contrariassem a determinação. Um ano e meio antes, em 1975, o então diretor da TV Cultura, Wladimir Herzog, foi torturado e assassinado por agentes da repressão numa das celas do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) de São Paulo, órgão que cerceava a liberdade de imprensa. A data tem em Herzog um dos principais homenageados.
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