Fundadora da WeCann ressalta a necessidade de maior esclarecimento sobre benefícios, para cada vez mais avanços na questão
Por unanimidade, os ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) permitiram a três pessoas o plantio de maconha para fins medicinais. A decisão é inédita no tribunal.
“Para centenas de pessoas, o produto à base de cannabis é a única opção terapêutica que trouxe resultados, após esgotar diversos outros tipos de tratamento”, fala a neurocirurgiã e uma das principais pesquisadoras sobre o tema, Patrícia Montagner, que atende mais de mil pacientes que utilizam a cannabis medicinal.
Em junho de 2021, foi aprovado na Comissão Especial da Câmara projeto de lei que autoriza o cultivo da planta cannabis sativa no Brasil, para fins medicinais, veterinários, científicos e industriais. Enquanto o Legislativo ainda discute a proposta, em algumas localidades a Justiça já havia concedido a autorização de plantio voltado ao tratamento de variados problemas de saúde. Na análise da especialista, o avanço da proposta é de extrema importância na contribuição ao esclarecimento. “Pautados na ciência, a viabilização dessa lei é importante para reforçar o entendimento sobre o potencial medicinal da cannabis, além de beneficiar inúmeras pessoas que buscam incansavelmente por alternativas que lhes reduza o sofrimento, proporcione uma vida melhor e que, com base em evidências científicas, têm a cannabis medicinal como uma aliada ao tratamento”, conclui.
Dra. Patrícia também é fundadora da edtech WeCann Academy – única instituição da América Latina que realiza cursos exclusivamente voltados para médicos, e ressalta que a questão precisa ter mais esclarecimento e compreensão, frisando que a comunidade médica é a liderança natural e correta no esforço de elucidar o tema junto à sociedade. Segundo a Anvisa, não há um dado consolidado atual sobre a quantidade de prescritores de cannabis medicinal no país. O último, é de 2.100 prescritores de produtos importados, “mas não seria possível afirmar que ele se mantém atual”, salienta o órgão.
“Vemos que ainda são poucos os profissionais que dominam o tema e, com cada vez mais descobertas acerca do sistema endocanabinoide e do potencial dos elementos químicos dessa planta, se faz necessário que os médicos se aprofundem no assunto para consolidar o conhecimento no Brasil e que estejam preparados para prescrever e orientar produtos à base de cannabis aos seus pacientes”, fala.
Em dois anos de operação, a WeCann já formou alunos não apenas no Brasil, mas também nos Estados Unidos, países da América Latina e Europa. Grupos da Ásia e Oceania também já demonstraram interesse em levar o curso, disponível em português, inglês e espanhol aos seus territórios. Em 2022, na primeira turma deste ano, foram 400 médicos inscritos e a expectativa é chegar a mil profissionais até dezembro.
Dra. Patrícia salienta que a discussão sobre o uso medicinal da cannabis precisa ser amplo para extinguir os preconceitos que envolvem o assunto por falta de conhecimento. “As informações sobre os estudos científicos, as descobertas e os depoimentos dos pacientes que tiveram melhora significativa após a utilização dessa terapêutica precisam ser difundidos amplamente, pois só com conhecimento podemos combater o preconceito. E, nessa questão, nós, médicos, devemos assumir o papel de protagonistas de conteúdo técnico qualificado, ajudando a esclarecer e a educar a população”, conclui.
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