Na manhã deste domingo, quatro agentes da Polícia Federal se deslocaram até a pequena cidade de Comendador Levy Gasparian, no Rio de Janeiro. O objetivo? Levar de volta à cadeia o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), que teve sua prisão domiciliar revogada depois de ofender de forma irreproduzível a ministra Cármen Lúcia e atacar, novamente, o STF e o TSE.
Jefferson os recebeu com granadas (três) e tiros de fuzil (mais de 20). Os estilhaços e tiros de raspão feriram uma agente e um delegado – felizmente, sem nenhuma consequência grave.
A reação armada tem interesses políticos. As primeiras informações sobre o caso tinha como única fontes gravações do próprio Jefferson e declarações de seus advogados e da filha. Falava-se em ‘troca de tiros’ . Não há, porém, qualquer evidência de que os agentes tenham reagido. Pelo contrário: horas depois do incidente, Jefferson ainda não havia sido preso. Aguardava a presença do ministro da Justiça, Anderson Torres, para então decidir se irá se entregar.
Nessas gravações, Jefferson também instigou reações ao que chamou de “violências do Xandão”. “A minha raiz está plantada. O jogo que estou jogando vocês sabem.”
O cacique do PTB tenta, mas não deve sair dessa como mártir – mas sim como um desequilibrado que se insurgiu, sem motivo, contra a autoridade constituída, assumindo o risco de causar uma tragédia. O estado de golpe pode até animar a parcela mais amalucada do
bolsonarismo, mas espanta o eleitor menos engajado e indeciso – justamente quem Bolsonaro precisa conquistar para uma virada contra Lula.
Não à toa, o ex-capitão se apressou em repudiar o caso e tenta, envergonhado, negar a intimidade com Jefferson.
Segundo o último Datafolha, o apreço à democracia atingiu o maior patamar desde 1989, enquanto a saudade da ditadura despencou a níveis históricos. A tentativa de fabricar uma ‘bala de prata’ parece ter provocado um tiro no pé. (As informações são da Carta Capital)
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