quinta-feira , 21 novembro 2024
PolíticaSaúde

Participantes de debate defendem mais informação e investimento no parto domiciliar

47

Falta de dados gera ideia falsa de ser perigoso para mãe e bebê, diz enfermeira; especialista pede mais atenção às parteiras

O parto domiciliar é realizado em menos de 1% dos nascimentos no Brasil, segundo dados do Departamento de Informática do SUS (DataSUS). De acordo com especialistas que participaram de audiência pública na Comissão Especial sobre Violência Obstétrica e Mortalidade Materna da Câmara, a mulher precisa ter mais informações sobre o parto domiciliar e analisar se essa modalidade se encaixa no perfil da gestante.

A enfermeira obstétrica Sabrina Seibert explicou que não existem dados sobre o parto domiciliar assistido, e que as estatísticas colocam como domiciliar qualquer nascimento fora do hospital, o que ajuda a criar falsos dados de que ter um filho fora do ambiente hospitalar é perigoso para a mulher e para o bebê.

“Esse parto com assistência é o que a gente hoje preconiza. A gente sabe que a assistência obstétrica durante o pré- natal, durante o parto e após parto é fundamental para a proteção dessa mulher e desse bebê, para que a gente garanta que ele nasça bem e saudável e que a gente evite desfechos como o caso da morte materna”, disse.

A deputada Ana Paula Lima (PT-SC) destacou que o parto humanizado retorna a mulher para o centro do nascimento, e o domicílio pode ser o local de escolha da parturiente.

“A gente precisa mudar um pouco a cultura no nosso país. Quem faz o parto não é a enfermeira nem o médico, é a mulher; isso tem que estar bem claro para todas as mulheres. As mulheres podem parir e sabem parir porque isso é da natureza humana”, afirmou a deputada.

Acesso à informação

Referência em partos humanizados no SUS, o Hospital Sofia Feldman, em Belo Horizonte (MG), há 40 anos oferece três modalidades de nascimento: domiciliar, na casa de parto ou no hospital. Para a enfermeira obstetra Raquel Rabelo, que participa da equipe de parto domiciliar planejado do hospital, a elitização do parto domiciliar vem diminuindo à medida que mais mulheres estão tendo acesso à informação de que esse é, sim, um tipo de parto viável.

“O que é necessário na atualidade são políticas públicas que garantam a todas as mulheres a opção de um parto domiciliar desde que ela atenda critérios que vão ser colocados por cada equipe – de forma geral, os critérios são muito parecidos, uma coisa ou outra vai divergir, mas que todas as mulheres consigam ter acesso.”

A representante do Coletivo SobreParto, Tanila Amorim, afirmou que para tornar o parto domiciliar realmente uma opção é preciso normalizar essa escolha, investir na capacitação dos profissionais, ampliar a oferta e viabilizar a assistência pelo SUS, em caso de necessidade durante o parto.

Já a coordenadora do Grupo Curumim, Paula Viana, pediu mais atenção para as parteiras tradicionais que, apesar de reconhecidas pelo Ministério da Saúde, não contam com apoio e “normalmente trabalham sozinhas e em condições precárias”, atendendo onde o SUS não chega. Fonte: Agência Câmara de Notícias

Deixe um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Artigos relacionados

Política

Enchentes no RS: senadores apresentam propostas para reconstrução do estado

A comissão temporária externa do Senado que acompanha as ações de enfrentamento às...

Política

Comissão aprova estratégia para diagnóstico de sinais de risco para autismo em pacientes do SUS

Proposta será analisada por outras duas comissões da Câmara e depois segue...

Saúde

Associação de Hormonologia critica decisão da Anvisa de suspender implantes hormonais manipulados

A Associação Brasileira de Hormonologia (ASBRAH) criticou a decisão da Anvisa de...

Política

Reforma tributária segue em discussão no Congresso

Entre um turno e outro das eleições municipais, as votações importantes no Congresso...