O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira (11) que o pico de inflação deve ser atingido em abril e maio, com uma posterior queda “um pouco mais rápida”. Segundo Campos Neto, a expectativa era que o pico de inflação fosse em dezembro ou janeiro deste ano, mas a quebra da safra e a alto do preço do barril do petróleo jogaram a previsão para frente.
“A gente tinha uma percepção que ia ver o pico de inflação perto de dezembro, janeiro. Aí a gente viu uma quebra de safra, que não é pouco relevante, e a gente estava vendo o petróleo indo pra 60 [preço do barril, em dólar], de novo ele voltou indo pra cima de 90”, afirmou o presidente do Banco Central durante evento promovido pela Esfera Brasil, organização que promove debates ligados a área de empreendedorismo.
“Isso gerou uma quebra de percepção em relação ao que era o pico. A gente imagina hoje uma coisa entre abril e maio, e depois vai ter uma queda da inflação um pouco mais rápida”, completou.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – a inflação oficial do Brasil – fechou 2021 em 10,06%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi a primeira vez desde 2015 que a inflação ficou acima de 10%. Em janeiro deste ano, o IPCA ficou em 0,54% em janeiro, após ter registrado taxa de 0,73% em dezembro. Apesar de ter desacelerado frente ao mês anterior, foi o maior resultado para o mês de janeiro desde 2016 (1,27%), de acordo com os dados divulgados nesta semana pelo IBGE.
A alta da inflação tem levado o Banco Central a subir a taxa de juros. Em fevereiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar a taxa Selic de 9,25% ao ano para 10,75% ao ano.
Foi o oitavo aumento consecutivo na taxa. Com isso, a Selic voltou ao patamar de dois dígitos pela primeira vez em quatro anos e meio – a última vez em que ela esteve neste patamar foi em julho de 2017, quando era de 10,25% ao ano. Uma nova reunião do Copom está marcada para março.
No evento, Campos Neto afirmou que o Brasil saiu na frente dos demais países ao subir os juros para controlar a inflação. Em geral, uma alta na taxa de juros leva de seis meses a nove meses para fazer efeito na economia.
“O Brasil saiu na frente no aumento de juros, e a gente vem defendendo essa tese que estamos acompanhando de perto e que vamos usar todos os instrumentos disponíveis pra trazer pra meta”, afirmou.
A meta central de inflação para 2022, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3,5% e será considerada formalmente cumprida se ficar entre 2% e 5%. Porém, o próprio Copom estimou que a inflação deve ficar acima do teto de 5% neste ano, o que representará, se confirmado, o estouro da meta de inflação pelo segundo ano consecutivo. (Com informações do g1)
Deixe um comentário