sexta-feira , 2 maio 2025
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Lula defende autonomia dos povos e ministério para tratar dos interesses indígenas

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Durante participação em ato da 18ª edição do Acampamento Terra Livre, hoje (12), em Brasília, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a importância da autonomia indígena sobre suas terras e sua cultura, disse que as opiniões dos povos sobre seu futuro e sobre o Brasil devem ser consideradas na construção das políticas públicas e defendeu a instalação de um ministério para tratar dos interesses indígenas.

“Vocês são povos inteligentes que cuidavam desse país antes da gente chegar aqui. E, agora, vocês me deram uma ideia. Ora, se a gente criou o Ministério da Igualdade Racial, se a gente criou o dos Direitos Humanos, se a gente criou o Ministério da Pesca, por que que a gente não pode criar um ministério para discutir as questões indígenas?”, disse, afirmando ainda que um ministério específico para tratar dos interesses indígenas deve ser assumido por uma mulher ou um homem indígena.

“Eu quero dizer para vocês, como prova da minha experiência, não é possível a gente governar esse país apenas dentro de uma sala, no Palácio do Planalto. Se a gente quiser fazer uma política correta para os povos indígenas, nós temos que ter coragem de visitar os estados brasileiros, visitar onde vocês moram, conhecer a vida que vocês levam, conhecer como vocês vivem para que a gente possa fazer as coisas direito”.

Indígenas não são invasores

No Acampamento Terra Livre, organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Lula condenou a política do atual governo, que quer permitir exploração econômica em terras indígenas, como a mineração, sem se preocupar com o que os ocupantes das terras acham disso.  Segundo ele, o governo Bolsonaro não tem escrúpulo para desaforar, ofender e desacreditar povos que deveriam ser respeitados.

“Não são os indígenas que são invasores, vocês já estavam na terra quando portugueses chegaram”, disse, pontuando que a história do Brasil criou narrativa desfavorável aos indígenas, os colocando como preguiçosos, bárbaros, canibais e violentos e que essa narrativa foi usada para dizimar os primeiros ocupantes das terras.

Dia do Revogaço

Num palco com a presença de lideranças indígenas, como Sônia Guajajara e Célia Xakriabá, o ex-presidente defendeu também a criação do “Dia do Revogaço”, para pôr fim a decretos criados por governos insensíveis às demandas dos povos originários.

“A gente não pode permitir que aquilo que foi conquista da luta de vocês, aquilo que foi conquista do sacrifício de vocês, seja tirado por decreto para dar direito àqueles que acham que tem que acabar com a floresta e com a nossa fauna”, disse.

Lula contou que leu com tristeza notícias sobre águas barrentas do Rio Tapajós, poluídas por mercúrio do garimpo e afirmou que, muitas vezes, os invasores das terras indígenas são melhor tratados do que os donos do espaço que resistem às ocupações ilegais.

“Eu fico me perguntando: com que direito alguém tem, que direito alguém tem de poluir a água de um rio que é de todos? Para quem que ele pediu? Quem deu licença, quem autorizou”, questionou, acrescentando que, numa eventual volta ao governo, qualquer decisão relacionada a terras indígenas deverá ter concordância dos indígenas.

Lula afirmou ainda que a ciência já provou que não é preciso queimar ou cortar árvores para criar gado e plantar soja e que ninguém tem o direito de invadir as terras indígenas com essa finalidade. “Nós temos terras degradadas que podem ser recuperadas para plantar o que quiser e a gente tem que tirar proveito da riqueza da nossa biodiversidade para que vocês tenham o direito a ter uma vida digna, uma vida respeitada”, afirmou.

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