Cirurgiã dentista doutora em Reabilitação Oral, Talita Dantas, alerta para sinais para identificar a condição que também precisa de acompanhamento com médico, psicólogo e fisioterapeuta
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o bruxismo afeta cerca de 84 milhões de brasileiros, ou seja, 40% da população. Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG) e do Instituto Neurológico de Curitiba (INC), nos primeiros meses da pandemia, mostrou que 76% dos entrevistados constataram início ou agravamento de sintomas de apertamento e ranger involuntário dos dentes.
“O bruxismo e o apertamento são fatores de risco para as disfunções da articulação temporomandibular (ATM) e ambos são hiperfunções musculares que se originam no sistema nervoso central. O bruxismo é classificado como uma parassonia, doença que acomete a pessoa durante o sono, mas também pode ocorrer enquanto a pessoa está acordada, o que é chamado de bruxismo de vigília. Por ser uma condição multifatorial seu diagnóstico exige uma investigação e atuação detalhada”, explica a cirurgiã dentista e doutora em Reabilitação Oral, Talita Dantas.
As disfunções podem se manifestar de maneiras diferentes porque o nível de tolerância à dor e alterações é muito pessoal. Mas os principais sintomas são dores na região da face, dores de cabeça (especialmente ao acordar e que não resolvem com medicação), dificuldade para abrir a boca, desgastes ou fraturas dentárias. O paciente não consegue controlar e, muitas vezes, existem causas emocionais associadas, como aumento do estresse.
“Como o estado emocional está ligado diretamente ao sistema nervoso central, algumas pessoas desenvolvem o bruxismo como uma válvula de escape do estresse e, por isso a saúde psicológica do paciente influencia diretamente na atividade muscular”, explica Talita. Por sua complexidade e por ser uma condição sem cura, o tratamento é complexo, multidisciplinar e interdisciplinar. O dentista precisa ser habilitado para entender a origem da disfunção, os fatores associados e precisa trabalhar em conjunto com médico neurologista, psicólogo e fisioterapeuta.
Tratamentos para casos leves e graves
“Existem algumas medicações para controle de ansiedade que estimulam o bruxismo e o apertamento, então é preciso focar o tratamento no controle da doença porque ela não tem cura. Tudo o que fazemos no consultório é para controlar e diminuir os efeitos e os danos aos dentes. Teremos abordagens com terapias, fisioterapias, medicamentos injetáveis ou com o uso de reabilitações odontológicas. Porque nada adianta controlar a doença se odontologicamente a condição for desfavorável”, pontua a doutora em Reabilitação Oral.
Se a condição for identificada nos sintomas iniciais, como dores de cabeça ou dores musculares na face, um fisioterapeuta de cabeça e pescoço ou o próprio cirurgião dentista habilitado pode realizar o tratamento. Segundo Talita, a toxina botulínica se apresenta como uma opção para controle muscular, mas seu uso é controverso. Na parte odontológica é possível associar o uso de dispositivos intraoclusais, as populares placas dentárias.
Nos casos mais avançados pode haver alterações mais graves, como o deslocamento de disco da articulação temporomandibular, situação que exige um tratamento mais complexo, assim como as fraturas ou desgastes dentários. Esses tratamentos devem ser feitos por um especialista em reabilitação oral que vai definir as melhores estratégias que podem incluir fisioterapia, dispositivos interoclusais ou até injeções na articulação para aumentar a lubrificação e até Cirurgias.
“Isso será avaliado no consultório e, caso o paciente tenha algum problema odontológico associado é preciso estabilizar para que não aumente ainda mais os danos já causados. Mas vale ressaltar sempre que, mesmo com sintomas iniciais, é preciso realizar o controle neurológico e psicológico com terapia e fisioterapeuta. Levar uma vida mais saudável, praticar esporte, buscar levar uma vida tranquila sempre vai ajudar em qualquer tratamento”, finaliza a cirurgiã dentista.
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