Em janeiro, o Índice de Confiança da Indústria registrou queda de 0,2 ponto, segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre), mantendo-se relativamente estável em 93,1 pontos. Em relação às médias móveis trimestrais, o recuo ficou em 0,9 ponto, o que representa o pior resultado desde agosto de 2020, quando atingiu 88,7 pontos.
Segundo o economista e professor do Departamento de Planejamento e Análise Econômica da FGV, Renan Gomes de Pieri, a queda na confiança da indústria, apesar de relativamente estável, indica a mudança no cenário econômico nos últimos meses, principalmente em consequência da elevação dos juros.
“A própria inflação se mostrou em um patamar mais alto do que em anos anteriores. A economia global dá sinais de redução de crescimento e, portanto, isso pode afetar o cenário interno também. Então, essa perspectiva de mercado com os juros mais altos, custo do investimento mais alto e o mundo crescendo menos pode explicar essa queda na confiança”, observa Renan Gomes de Pieri.
No entanto, o professor de planejamento e análise econômica da FGV também destaca os fatores sazonais como influência para esse recuo, já que no início do ano a economia tem um comportamento menos aquecido do que no segundo semestre.
Apesar do decréscimo, 11 dos 19 segmentos analisados pela pesquisa apontaram um avanço na confiança em janeiro. O Índice Situação Atual (ISA) caiu 0,7 ponto, chegando a 93,1 pontos. Já o Índice de Expectativas (IE) avançou 0,4 ponto, chegando a 93,2 pontos.
O ISA é o indicador que mede a percepção dos empresários em relação à situação atual dos negócios e foi o que mais influenciou o recuo do Índice de Confiança da Indústria em janeiro, ao cair 1,6 ponto, atingindo 90,9 pontos. Houve também leve queda da demanda e aumento do nível de estoques no mês, com variações de 0,2 e 0,5 ponto, chegando a 91,9 e 103,0 pontos, respectivamente. O indicador acima de 100 pontos representa que a indústria está operando com estoques acima do desejável.
Expectativas para o ano
Em relação às expectativas, a tendência de negócios para os próximos seis meses evitou uma queda mais acentuada da confiança no período, pois avançou 2,4 pontos, chegando a 91,9 pontos. No período de três meses, as perspectivas sobre emprego subiram 0,5 ponto, avançando para 95,6 pontos. Já o Nível de Utilização da Capacidade Instalada da Indústria apresentou recuo de 0,8 ponto percentual e ficou em 78,8%. Esse é o pior resultado desde maio de 2021, quando chegou a 77,8%.
Pieri explica que as expectativas no geral para o ano são de uma redução no crescimento interno e que o Produto Interno Bruto (PIB) deve fechar abaixo do ano passado. “A gente vive o fim de um ciclo positivo de crescimento no Brasil e no mundo, isso pode afetar a atividade industrial. Mas a grande indagação que pode mudar um pouco o cenário é a reforma tributária.” (Fonte: Brasil 61)
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