Uma cúpula de três dias da ONU começou em Roma na segunda-feira (24), com o objetivo de enfrentar o sistema alimentar global “falido”, onde o número de pessoas que sofrem de fome e inanição continua a crescer.
De acordo com um relatório publicado pela organização em junho, o número de pessoas que sofrem com a fome subiu para 122 milhões nos últimos três anos, apesar dos esforços para erradicá-la.
A medida, firmada em julho de 2022 sob supervisão da ONU e da Turquia, aliviava os temores de uma crise alimentar mundial diante do conflito entre Moscou e Kiev.
“Em um mundo de abundância, é escandaloso que haja pessoas que continuem sofrendo e morrendo de fome”, denunciou o secretário-geral da ONU, António Guterres, no início da cúpula, que acontece na sede da ONU para Alimentação e Agricultura.
“Quanto mais os preços dos alimentos sobem, menores são as esperanças dos países em desenvolvimento”, lamentou, acrescentando que os “sistemas alimentares mundiais estão quebrados e bilhões de pessoas estão pagando o preço”.
“Transformação radical”
Denunciando que um terço dos alimentos do mundo são desperdiçados enquanto mais de 780 milhões de pessoas passam fome, o secretário-geral também enfatizou que 462 milhões de indivíduos estão abaixo do peso, enquanto 2 bilhões estão acima do peso ou são obesos.
A cúpula, da qual participam chefes de Estado, delegados e representantes de governo, busca encontrar novos fundos para investir em sistemas alimentares mais produtivos e duráveis.
Guterres pediu ao menos US$ 500 bilhões (aproximadamente R$ 3,1 trilhões) por ano para ajudar os países em desenvolvimento a realizarem investimentos de longo prazo.
“Se esta transição não for financiada, será uma sentença de morte para o planeta”, alertou a presidente da cúpula, Nadine Gbossa.
A reunião também convidou três agências alimentares da ONU com sede em Roma: a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e o Programa Alimentar Mundial (PAM).
A FAO advertiu que é necessário haver uma “transformação radical dos modos de produção, transformação, comercialização e de consumo de alimentos” para alimentar uma população que cresce cada vez mais.
O FIDA, por sua vez, afirmou que o “custo da inação” chega a US$ 12 trilhões (cerca de R$ 57,5 trilhões) por ano.
O encontro antecede a cúpula sobre as metas de desenvolvimento sustentável, que acontecerá em setembro em Nova York.
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