O Centro de Tecnologias Assistivas para as Atividades da Vida Diária (Tecvida), sediado na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), pretende desenvolver exoesqueletos e cadeiras de rodas motorizadas mais leves, resistentes e economicamente mais acessíveis. Para isso conta com a parceria da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência e de pesquisadores das universidades Estadual de Campinas (Unicamp), Estadual Paulista (Unesp), Federal do ABC (UFABC) e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Na Unicamp, o Centro de Tecnologia Assistiva e Acessibilidade em Libras (Taal) terá como meta criar, por meio de aprendizado de máquina, um aplicativo de tradução automática de português para libras e de libras para o português.
Já o Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Tecnologia Assistivas (CMDTA), sediado na Unesp de Bauru, tem como objetivo criar uma rede de laboratórios para o desenvolvimento de novas próteses, órteses e de tecnologias para o sistema braile. Por último, o Centro de Tecnologia Assistiva para Educação Bilíngue de Surdos (Taebs), uma parceria da Unicamp com a Secretaria Municipal de Educação de Campinas, vai desenvolver material didático voltado a estudantes surdos. Esses quatro novos Centros de Ciência para o Desenvolvimento (CCDs), aprovados no terceiro edital, foram lançados pela FAPESP nesta quarta-feira (14/08), em cerimônia realizada no Museu da Inclusão, na capital paulista. Os projetos são uma parceria da Fundação – que está investindo ao todo R$ 29 milhões – com a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, a Secretaria de Educação de Campinas, universidades públicas paulistas e institutos de pesquisa.
“Hoje é um dia de comemoração e comemorar é importante, pois cria exemplo, traz repercussão e novas iniciativas. Prova disso é que estamos comemorando o lançamento de quatro novos CCDs e os secretários aqui presentes estão nominando a intenção de criar outros mais. Em São Paulo, temos um sistema de CT&I [ciência, tecnologia e inovação] muito maduro, que está presente não só na academia, mas também em mais de 10 mil empresas privadas que investem em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Portanto, na FAPESP, nossa intenção é colaborar para promover a inclusão e melhorar a vida das pessoas”, disse Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP. O secretário dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Marcos da Costa, também comemorou o lançamento dos novos CCDs. “Assim que o edital foi lançado, fomos na FAPESP conversar com o professor Zago e começamos a sonhar. Nossos pesquisadores podem transformar o mundo e esses projetos hoje inaugurados vão possibilitar mais acesso às tecnologias assistivas”, disse Costa, que integra os projetos para a criação de três dos quatro novos centros (Tecvida, Taal e CMDTA).
Todos os 49 CCDs aprovados em três editais desenvolvem projetos de pesquisas orientados para a resolução de problemas apontados pelo poder público e a sociedade. “Fala-se muito de aproximar a academia da sociedade, mas há um pequeno detalhe: o governo também tem de estar próximo da academia e da sociedade. Por isso, a iniciativa da FAPESP de apoiar a interação do meio acadêmico de pesquisa com o governo é louvável. A equação dos Centros de Ciência para o Desenvolvimento é simples: o poder público levanta os problemas, a FAPESP ordena um edital e os centros de pesquisa se apresentam para solucionar esses problemas. Em outras palavras, é ciência, tecnologia e inovação a favor do desenvolvimento de políticas públicas”, afirmou Vahan Agopyan, secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Modelo de cofinanciamento – Juntas, as chamadas de proposta lançadas em 2020, 2021 e 2023 tiveram o investimento de R$ 324 milhões da FAPESP. Todos os projetos operam em modelo de cofinanciamento: para cada R$ 1 solicitado à Fundação, uma contrapartida idêntica é aportada pelas entidades parceiras. O financiamento é de longo prazo, por até cinco anos, e os projetos apresentados devem ter governança clara, mecanismos de revisão ao longo do prazo de execução e metas intermediárias. Os resultados devem promover o avanço no conhecimento e proporcionar a melhoria das políticas públicas.
O objetivo da FAPESP com o lançamento dos três editais foi identificar, mensurar e detalhar grandes desafios públicos do Estado de São Paulo e, a partir deles, reunir e organizar diversos atores institucionais em busca de soluções adequadas para resolver ou diminuir esses gargalos. Assim, o programa CCDs recebe propostas submetidas por consórcios formados por pesquisadores vinculados a universidades e instituições de pesquisa paulistas, gestores de órgãos do governo estadual e de municípios, além de empresas e organizações não governamentais (ONGs).
“Com a pandemia tivemos uma queda na submissão de projetos. A produção científica e a organização para pedir recursos caíram. Em 2022, voltamos a crescer. E esses recursos que ficaram guardados no cofre estão sendo usados para a criação dos Centros de Ciência para o Desenvolvimento, uma maneira de unir esforços entre academia, governo e empresas em projetos orientados para a resolução de problemas apresentados pela sociedade”, relatou Zago. Também nesta quarta-feira foi assinado um edital conjunto entre USP, Unicamp e Unesp, no valor de R$ 10 milhões, para apoiar o desenvolvimento de tecnologias assistivas.
“As universidades públicas paulistas estão prontas para atender a qualquer desafio apresentado pela sociedade. Por isso, estamos colocando dinheiro das universidades para apoiar a causa da inclusão. A expectativa é que, com esse edital, nossos pesquisadores trabalhem em conjunto, colaborando para a solução de problemas da nossa sociedade e na formulação de políticas públicas. Afinal, o objetivo da universidade é gerar conhecimento e transferir para a sociedade da forma mais rápida possível”, destacou Carlos Gilberto Carlotti Jr, reitor da USP.
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