quarta-feira , 7 maio 2025
Economia

Siderúrgicas brasileiras intensificam críticas à “competição desleal” com o aço chinês

7

Com importações em alta, Gerdau e Usiminas apontam ineficácia das medidas do governo e ameaçam rever investimentos no Brasil

As siderúrgicas brasileiras voltaram a soar o alarme diante do avanço das importações de aço da China, que seguem em ritmo acelerado e têm pressionado duramente a indústria nacional, segundo o Valor Econômico, com base nas divulgações de resultados do primeiro trimestre feitas por gigantes do setor, como Gerdau e Usiminas, no final de abril.

As empresas reforçam que as medidas adotadas até aqui pelo governo federal para conter o crescimento das importações se mostraram insuficientes. Desde junho de 2024, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) impôs uma alíquota de 25% sobre alguns tipos de aço estrangeiro. A medida, no entanto, tem prazo de validade até o dia 31 de maio de 2025 — e as companhias aguardam com expectativa (e preocupação) uma possível revisão da política comercial.

O alerta vem acompanhado de números preocupantes. Segundo o Instituto Aço Brasil, o Brasil importou 1,096 milhão de toneladas de produtos siderúrgicos da China apenas entre janeiro e março de 2025 — um aumento de 57,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. A China lidera isoladamente o ranking de fornecedores internacionais de aço ao Brasil, seguida pela Coreia do Sul, que exportou 117,2 mil toneladas no mesmo intervalo. Somente em março, as compras brasileiras da China somaram 448 mil toneladas, alta de 53,1% em relação a março de 2024.

Em meio ao cenário adverso, a Gerdau estuda reduzir seus investimentos no Brasil. “Nós temos um balanço saudável, que nos permite manter o nível de Capex, mas estamos nos questionando se faz sentido manter esse volume no Brasil”, afirmou o presidente da empresa, Gustavo Werneck, durante entrevista coletiva sobre os resultados do primeiro trimestre.

Werneck foi direto ao apontar o que considera um cenário de “competição desleal” promovida pelo aço chinês. Segundo ele, a empresa poderá rever o plano de investimentos e até mesmo “hibernar alguma linha ou alocar mais capital em recompra de ações”. A decisão final, segundo ele, deve ser tomada após a revisão do sistema de cotas e tarifas sobre o aço importado, prevista para este mês.

“O que nos preocupa é como vai ficar o nível de importação no Brasil. Há uma competição desleal. Temos dúvida se vale a pena continuar investindo no país, onde não temos uma defesa comercial que traga competição isonômica”, declarou Werneck.

A Usiminas, por sua vez, endossou as preocupações com a sustentabilidade do setor. Durante teleconferência de resultados, o presidente da empresa, Marcelo Chara, criticou a ausência de medidas mais duras por parte do governo. “A falta de aplicação de medidas eficazes para criar condições justas de concorrência, ante a forte presença de importações subsidiadas, é a principal ameaça para a sustentabilidade do setor siderúrgico brasileiro e de sua cadeia de valor”, afirmou.

O setor siderúrgico nacional, que emprega milhares de trabalhadores e tem papel estratégico na indústria de base do país, vê na política comercial brasileira um ponto crítico para sua sobrevivência. A expectativa agora recai sobre a decisão do governo federal nas próximas semanas — que pode definir o rumo dos investimentos no setor e o grau de proteção da indústria diante da ofensiva do aço chinês. As informações são do Portal 247

Deixe um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Artigos relacionados

Economia

Vendas do Dia das Mães devem movimentar R$ 14,37 bilhões em 2025

O Dia das Mães está se aproximando e a expectativa é de...

Economia

Bandeira amarela na conta de luz já está valendo; veja como economizar

Já começou a valer a bandeira amarela na conta de luz dos...

Economia

Dólar alto exigirá mais cautela das empresas pelos próximos meses, alerta FecomercioSP

Pacote fiscal insuficiente e política de expansão de gastos impedem melhora do...

Economia

Abono Salarial: até quando pode sacar? Saiba quem tem direito

Os trabalhadores que ainda não sacaram o abono salarial PIS-Pasep 2024 –...